Esta é a primeira vez que a atriz fala desde que começou o processo por difamação movido pelo ex-marido
Quatro semanas depois do início do processo de difamação movido pelo ator Johnny Depp, a ex-mulher Amber Heard sentou-se, esta quarta-feira, pela primeira vez no banco dos réus do tribunal do condado de Fairfax, no estado da Virgínia. Neste que foi o seu primeiro depoimento, Amber emocionou-se diversas vezes e confessou ser "horrível" sentar-se em tribunal durante semanas e "ter de reviver tudo".
"Não tenho palavras para descrever o quão doloroso isto é", admitiu.
De acordo com o testemunho da atriz, o primeiro episódio de violência ocorreu quando esta se riu de uma das tatuagens de Johnny Depp., que dizia "Wino Forever". Em tribunal, disse que "não deveria ter perdoado [Depp], porque isso significava que aquilo voltaria a acontecer". Era como se tivesse aberto um precedente. Na altura, depois de ter levado uma chapada, riu-se porque "não sabia mais o que fazer". Depois disso, explicou, Johnny Depp ter-se-á ajoelhado a chorar e pediu desculpa.
"Eu nunca vou esquecer. Mudou minha vida", confessou.
Mas foi a partir daqui, segundo Amber Heard, que os alegados episódios de raiva e violência por parte do ator se começaram a tornar mais frequentes e mais intensos, muito por causa da dependência que tinha do álcool, drogas, mas também por "ciúmes doentios".
Para além das alegadas situações de violência física, que Heard sustentou em tribunal com provas fotográficas e documentos médicos, a ex-mulher de Depp recordou vários episódios de abuso emocional e psicológico, como a tentativa de destruição de um quadro feito pela ex-companheira.
"Ele entendeu que o quadro era uma ofensa pela qual não me conseguia perdoar. [Para ele] aquilo significava que eu estava a ter um caso com a minha ex-companheira, da qual eu já me tinha separado".
Numa dessas situações, contou, o ator, alegadamente sob o efeito de cocaína e bebidas alcoólicas, durante uma viagem de carro terá segurado num dos cães do casal e tê-lo-á colocado fora da janela do veículo que se encontrava em movimento. "Toda as pessoas que estavam no carro... nunca me vou esquecer... ficaram simplesmente paralisadas. Ninguém fez nada". Mais tarde, Amber Heard veio a ganhar a custódia dos animais.
Amber Heard acusa Johnny Depp de procurar droga nas suas partes íntimas
O consumo excessivo de álcool e drogas foi apontado pela atriz como o principal fator do comportamento agressivo de Depp. Uma transformação extrema que Heard associou às personagens literárias Dr. Jekyll e Mr. Hyde.
A atriz recordou mais um episódio. Durante o depoimento, Amber Heard disse que o ex-marido a acusava de esconder droga e que Johnny Depp chegou mesmo a "fazer uma busca" na suas partes íntimas. Não especificou o ano em que isto aconteceu, mas garantiu que foi durante umas férias no Hicksville Trailer Palace, em Joshua Tree, Estados Unidos.
Amber voltou a insistir no facto de Depp perder o controlo do corpo e dos seus comportamentos quando estava sob o efeitos de alguma substância, fosse droga ou álcool. "Ele desmaiava no próprio vómito, perdia o controlo do corpo... Toda a gente limpavam o que ele sujava, eu limpava o que ele sujava. Este homem perdeu o controlo dos movimentos intestinais e eu limpava o que ele sujava", afirmou.
Defesa insiste em abuso de substâncias e episódios de violência
O dia de terça-feira ficou marcado pelo testemunho de Dawn Hughes, psicóloga especialista em violência interpessoal, que relatou vários episódios de violência psicológica, física e sexual alegadamente perpetrados pelo ator. Numa das partes mais gráficas do depoimento, Hughes destacou um episódio em que Depp, enfurecido, terá penetrado a ex-mulher com uma garrafa de álcool.
Os depoimentos de Johnny Depp, ouvidos ao longo de quatro dias, insistiam que Heard era o elemento abusivo da relação.
Os advogados da atriz deverão, agora, contrapor a acusações com documentos que comprovam o abuso de substâncias por parte do ator e mensagens de texto comprometedoras. Entre estas, destacam-se mensagens entre Depp e o ator Paul Bettany - reveladas aquando do processo por difamação contra o jornal The Sun -, das quais os dois falaram em "afogar" e "queimar viva" a atriz, para de seguida "f**** o cadáver" de forma a terem a certeza "de que ela está morta".
Em tribunal, o ator já confessou não se orgulhar das mensagens.
