Psicóloga chamada a depor pela defesa de Johnny Depp diz ter identificado na atriz traços da síndrome de borderline e do transtorno de personalidade histriónica. Já a agente que respondeu à ocorrência na casa do casal, em 2016, diz que não identificou Amber Heard "como vítima de violência doméstica”, nem viu qualquer prova de crime durante o tempo que esteve no local
Depois de quatro dias a ouvir o testemunho de Johnny Depp, o tribunal de Virginia voltou, esta terça-feira, a ouvir testemunhas do caso que coloca frente a frente o ator e a ex-mulher Amber Herd.
Uma das testemunhas arroladas pela defesa de Johnny Depp foi Shannon Curry, psicóloga clínica e forense licenciada na Califórnia e no Havai. Citada pelo The Guardian, a especialista afirmou, perante o tribunal, que na avaliação que fez de Amber Heard, através do Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota (teste MMPI-2), um instrumento para avaliar a personalidade, conseguiu identificar traços da síndrome de borderline e do transtorno de personalidade histriónica.
Segundo Shannon, o diagnóstico foi complementado com dois encontros com a atriz, a 10 e 17 de dezembro, documentos do caso, registos médicos, tratamentos de saúde mental e registos áudio e vídeo.
“Os resultados da avaliação da senhora Heard apoiaram dois diagnósticos: transtorno de personalidade borderline e transtorno de personalidade histriónica”, afirmou a psicóloga.
A especialista diz mesmo que Amber Heard oscilava entre "princesa e vítima" e que tinha uma "apresentação excessivamente dramática" e "reativa" e que, apesar de pessoas com este tipo de transtorno poderem parecer sofisticadas, "queridas e femininas", também "conseguem ser muito destrutivas" e têm um "impulso subjacente de não serem abandonados e de serem o centro das atenções".
"Podem reagir violentamente, fisicamente", acrescentou a profissional. "Com frequência, serão abusivos com seus parceiros. É quase uma atuação."
Segundo escreve a Court TV, Curry afirmou ainda que Heard não sofre de stress pós-traumático (PTSD) causado pela relação com Johnny Depp, dizendo mesmo que a atriz "exagerou grosseiramente nos sintomas" e disse sofrer de 19 de uma lista de 20 sintomas.
Governanta diz que nunca viu agressões, nem Depp desmaiar com a bebida
Outra das testemunhas ouvidas esta terça-feira foi Tara Roberts, responsável pela manutenção da ilha de Johnny Depp em Exuma, nas Bahamas. Em tribunal, a empregada de Depp relembrou o dia em que testemunhou uma discussão entre o casal, durante a qual "Amber lhe dizia que ele era um ator fracassado e que ia morrer um velho gordo e solitário" e Depp afirmava que a mulher lhe tinha batido com uma lata.
Segundo Roberts, que garante não ter visto qualquer violência entre o casal, quando Depp tentou deixar o local, Heard "abraçou e beijou" o marido e "implorou-lhe que voltasse", o que fez com que o ator "ficasse ali com os braços da mulher ao seu lado".
"Ele não fez nada", garantiu, acrescentando que reparou mais tarde que Depp tinha "uma marca na cana do nariz".
A governanta foi ainda questionada se algum dia tinha visto o ator "desmaiar" por causa da bebida. Roberts disse que não, mas admitiu que Johnny Depp chegou a cair de uma cama de rede e foi encontrado deitado debaixo dela, numa altura em que os filhos do ator estavam na ilha.
No contra-interrogatório, ficou-se a saber que Tara Roberts trabalha para Depp há cerca de 15 anos e que aufere um valor mensal em torno de dez mil dólares (cerca de 9.400 euros).
"Não a identifiquei como vítima de violência doméstica"
O nono dia de audiência (Johnny Depp começou a ser ouvido ao quinto dia) contou ainda com o testemunho da agente da polícia de Los Angeles que tomou conta de ocorrência na casa do casal, a 21 de maio de 2016, que aconteceu dias antes da atriz pedir o divórcio e fazer um pedido de ordem de afastamento contra o ator.
Num depoimento pré-gravado, Melissa Saenz afirmou que quando chegou à residência conseguiu perceber que a atriz tinha estado a chorar, mas que não tinha sinais de estar ferida.
“O marido não estava no local e a vítima disse-nos que tinha tido uma discussão e que não nos ia dar mais nenhuma informação. E, porque não identificámos um crime, entregámos-lhe um cartão de visita, dizendo-lhe que podia contactar-nos depois se mudasse de ideias e quisesse cooperar", afirmou Saenz.
A agente afirmou ainda não ter observado qualquer violência contra a atriz, nem ter visto qualquer prova do crime durante o tempo que esteve no local.
"Não a identifiquei como vítima de violência doméstica”, disse, citada pela EFE, acrescentando que a atriz "tinha a cara vermelha e inchada de chorar".
A defesa do ator diz que o testemunho de Sanchez é a prova de que Heard forjou os ferimentos - a atriz alega que o ex-marido lhe atirou com um telemóvel à cara - para provocar danos na reputação de Depp.
O caso, que começou a 11 de abril, deve durar seis semanas a ser julgado. Ao longo de quatro dias, Johnny Depp prestou depoimento, sendo confrontado com mensagens, vídeos e áudios das discussões enre o casal. Já Amber Heard ainda não testemunhou.
Neste processo de difamação, Depp exige 46 milhões de euros à ex-mulher, tendo a atriz avançado com acusação semelhante, mas exigindo 93 milhões.