Um "certo desespero" e uma "enorme responsabilidade". Como Chega e IL reagiram à coligação entre PSD e CDS

Agência Lusa , AG
21 dez 2023, 22:25
André Ventura e Rui Rocha (Lusa)

André Ventura e Rui Rocha reagiram de pronto ao anúncio do regresso da Aliança Democrática

O presidente do Chega acusou esta quinta-feira o PSD de desespero por ter anunciado uma coligação pré-eleitoral com o CDS-PP e considerou que a direita deve olhar para o futuro e não recorrer a soluções do passado.

“Eu acho que há aqui um certo desespero do espaço não socialista em tentar arranjar qualquer forma para bloquear o crescimento do Chega, mas não é a recuperar partidos que estão mortos ou que não estão no parlamento, ou que não têm força significativa, que isso vai acontecer”, afirmou André Ventura.

O líder do Chega falava aos jornalistas à entrada para o jantar do Grupo Parlamentar do Chega, que decorreu em Oeiras (distrito de Lisboa).

André Ventura considerou que, “ao trazer o mesmo nome de uma coligação histórica e, aliás, de memória bastante viva, liderada por Francisco Sá Carneiro, o PSD mostra que, na verdade, preferiu, em vez de olhar para a frente, olhar para trás”.

“O que eu penso que os portugueses estavam à espera e esperam do bloco não socialista é uma alternativa de futuro. Uma alternativa que tem 40 anos e que teve o seu espaço histórico não é de certeza aquilo que os portugueses querem”, alegou, defendendo que os portugueses “gostavam de ter uma alternativa para o futuro” que “dissesse que é diferente”.

Os presidentes do PSD e do CDS-PP vão propor aos órgãos nacionais dos seus partidos uma coligação pré-eleitoral, a Aliança Democrática, para as legislativas de março e as europeias de junho, que incluirá também “personalidades independentes”.

Na nota à imprensa, intitulado “Constituição da Aliança Democrática” (o nome das primeiras coligações celebradas entre PSD e CDS-PP nos anos 80), refere-se que este acordo está “em sintonia com os compromissos regionais para as eleições nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores de 2023 e 2024, respetivamente, e com os entendimentos de base local para as eleições autárquicas de 2025”.

O presidente do Chega recusou que esta coligação vá colocar dificuldades ao seu partido nas eleições legislativas de março e disse que “o Chega nunca aceitaria estar presente numa coligação pré-eleitoral”.

“É relativamente indiferente, o Chega fará o seu caminho tal como tinha previsto”, indicou.

Apontando que “há três partidos que lutam pela vitória: o PS, o PSD e o Chega”, afirmou que “certamente não é nenhuma coligação pré-eleitoral ou pós-eleitoral que impedirá que o Chega faça esse caminho”.

André Ventura considerou também que esta coligação não vai contribuir para uma maioria de direita.

“Nós temos uma luta titânica pela frente, que é vencer o Partido Socialista. Penso que Chega e PSD deviam concentrar-se em vencer o Partido Socialista e ter mais votos que a esquerda toda no parlamento. Se nos deslocamos daí, o mais provável é o Partido Socialista sair beneficiado por esta situação”, acrescentou.

Ventura desvalorizou a presença do CDS-PP e disse que uma coligação “poderia fazer algum sentido” com a Iniciativa Liberal.

“Se houvesse uma coligação PSD com IL, por exemplo, isso matematicamente já tinha outro impacto, porque a IL tem outra expressão política”, sustentou.

O presidente do Chega defendeu também que a coligação não se poderá chamar Aliança Democrática, uma vez que “o PPM não está nesta coligação e a lei dos partidos obriga que sejam os mesmos partidos para ter o mesmo nome”.

IL fala em "responsabilidade"

O líder liberal defendeu que o partido vai sozinho a eleições e não coligado porque tem confiança nas ideias que apresenta e por “uma questão de responsabilidade”, já que “há um país que está à espera” da IL.

Num discurso durante um jantar comício em Lisboa, Rui Rocha não falou diretamente da coligação pré-eleitoral anunciada por PSD e CDS-PP para as próximas eleições legislativas e europeias, mas voltou a explicar os motivos pelos quais a IL decidiu que se vai apresentar sozinha na corrida eleitoral de março.

“Apresentaremos as nossas ideias, os nossos candidatos, as nossas listas porque há um país que está à espera da Iniciativa Liberal”, enfatizou.

Segundo o presidente liberal, “a IL tem uma enorme responsabilidade” e vai dizer “presente a este país que espera por soluções liberais”.

Os liberais vão apresentar-se sozinhos a eleições “com a confiança” que têm nas suas ideias.

“Mas é antes de mais uma questão de responsabilidade porque não só sou, não somos nós as centenas que aqui estamos hoje, há muitas dezenas, muitas centenas de milhares de portugueses, eu acredito mesmo que há milhões de portugueses que querem esse país liberal em que nós podemos crescer pelo nosso trabalho, em que podemos confiar nas instituições, em que podemos acreditar que há um futuro melhor para os nossos filhos”, defendeu.

Rui Rocha rejeitou desde o início qualquer coligação também porque “o país já não vai lá com remendos” nem “com pequenas mudanças”.

“Não basta mudar o Governo, é preciso mudar as políticas, é preciso mudar o país. A IL é o único partido que tem essa coragem, que tem essa ambição”, garantiu.

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