U. Leiria-V. Guimarães, 1-1 (crónica)

29 out 2000, 18:56

O mau futebol anda aí outra vez... Raça e força são atributos dos bons, mas estes costumam acrescentar-lhes arte e classe. Hoje, os de Leiria e Guimarães não o conseguiram. Num espectáculo pobre, o resultado foi justo e a arbitragem má.

União de Leiria e Vitória de Guimarães empataram na tarde de hoje (domingo) a um golo e proporcionaram aos espectadores presentes no Municipal Magalhães Pessoa um espectáculo bastante pobre. 

A força, a raça e a entrega são qualidades de louvar, mas transformam-se em coisas muito aborrecidas se não forem acompanhadas por técnica, imaginação e classe. Como estes últimos predicados nunca apareceram em Leiria, o jogo foi claramente de menos. 

As duas equipas abordaram os 90 minutos de forma bastante pragmática, tanto mais que ambas tinham apenas duas vitórias e se exige mais nas respectivas massas associativas. Na primeira parte as oportunidades escassearam e saiu para intervalo a vencer a formação que, apesar de tudo, parecia melhor organizada e mais calma no desenvolvimento das jogadas.  

O penalty que Lima converteu e deu vantagem aos visitantes resultou de uma desconcentração do guarda-redes Baptista, que ao não segurar um remate permitiu a insistência de Congo e «obrigou» o capitão Bilro a fazer falta. O Vitória não merecia por aí além estar a ganhar, o nulo seria por ventura mais adequado, mas pelo menos partiu-se para a segunda parte com algo de concreto para perceber - conseguiria o União dar a volta? 

Os primeiros indicadores do segundo tempo começaram por dizer que não. A turma da casa atacou de facto muito mais, tentou fazer das tripas coração e ganhou muitos metros de terreno com a entrada de Dinda. Mas as coisas não saíam. Por precipitação ou desinspiração, foram inúmeros os passes transviados, os remates colocados longe da baliza e os cruzamentos que acabaram para lá da linha de fundo vimaranense. 

O Vitória ia-se sentindo muito confortável com a vantagem e passou a atacar apenas pela certa. Pouco, portanto, permitindo mesmo a Manuel José tirar um central da equipa (Éder) para colocar um avançado. 

A páginas tantas (71 minutos, mais precisamente), o árbitro resolvou colocar-se ao nível do jogo e mostrou segundo amarelo a Lima numa falta que não o justificava. No minuto seguinte, em jeito de compensação, expulsou João Manuel por protestos num lance em que o leiriense foi de facto derrubado e deveria ter sido assinalada falta. Dois minutos mais tarde Márcio Theodoro teve entrada muito feia (esta sim em zona perigosa) sobre Krpan e só viu amarelo. 

Com o público a protestar nas bancadas, Dinda bateu o respectivo livre, levou a bola até à cabeça de Duah, no segundo poste, e este atirou para perto do primeiro, onde surgiu Derlei a cabecear para o empate. Finalmente o caudal ofensivo do União dava frutos. Cheirava a maior justiça no marcador. 

Pouco depois do 1-1 Soderstrom foi bem expulso por tocar Bilro sem bola. A superioridade numérica era a oportunidade de os leirienses aproveitarem os minutos finais para conseguir a vitória. 

Curiosamente, foi o Guimarães quem logo a seguir esteve quase a lográ-la, quando Baptista voltou a comprometer e Congo atirou ao poste. 

Depois ainda houve tempo para uma oportunidade perdida por Paulo Alves (diga-se com justiça que muito por mérito do guardião vimaranense) e dois remates perigosíssimos de Dinda, que quase se transformava na chave do jogo. 

Os últimos minutos (quatro deles de apropriados descontos) foram de certo modo emocionantes e poderão ter ajudado os mais distraídos a esquecer o mau espectáculo, mas a verdade é que se exige mais, muito mais, de duas equipas da I Liga. A conversa é velha? Pois é. Tanto quanto o mau futebol...

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