Covid-19: Durão Barroso diz que a política respondeu "menos bem" do que a ciência

Agência Lusa
26 nov 2021, 13:38
Durão Barroso

Na sua intervenção na conferência Covid-19 e os Desafios da Vacinação Global, que decorre no Porto, o presidente da Aliança Global para as Vacinas deu o exemplo de Portugal

O presidente da Aliança Global para as Vacinas, Durão Barroso, afirmou nesta sexta-feira que a política respondeu “menos bem” do que a ciência ao combate à covid-19 e defendeu mais investimento na segurança da saúde pública global.

Durante a sua intervenção na conferência Covid-19 e os Desafios da Vacinação Global, que decorre no Porto, Durão Barroso considerou que a política respondeu “menos bem” do que a ciência no combate à pandemia da covid-19, recordando que a primeira vacina foi desenvolvida num tempo ‘record’, mas que politicamente “houve algum descuido” e respostas "atabalhoadas".

“Enquanto que do ponto de vista científico se notava o desenvolvimento da nova vacina num tempo ‘record’. A primeira vacina que foi autorizada pelas autoridades reguladoras credíveis demorou cerca de 10 meses a ser desenvolvida e isto é de facto notável, que mostra o grande progresso da ciência - fez a primeira vacina. É de facto notável o êxito da ciência, mas politicamente não. Politicamente, de facto, algum descuido e houve depois respostas atabalhoadas”, declarou o antigo presidente da Comissão Europeia (de 2004 a 2014).

O exemplo de Portugal

Durão Barroso, ex-primeiro ministro de Portugal (2002 a 2004), frisou, contudo, que houve “esforços notáveis” em alguns países, como por exemplo em Portugal.

“No nosso país o esforço feito para recuperar o atraso da vacinação, para fazer uma vacinação bastante generalizada, foi sem dúvida algo com muito mérito e de que nos podemos orgulhar”.

Para o futuro, Durão Barroso destacou que a saúde pública tem de ser vista do ponto de “vista da segurança humana” e defendeu que as populações devem exigir dos responsáveis políticos que considerem a saúde pública como “bens públicos globais” e que, sem prejuízos políticos, haja sempre uma “cooperação”.

Esta pandemia veio mostrar o “perigo que há na utilização de doenças infecciosas como armas, até do ponto de vista de guerra biológica, mas isso aconteceria se alguns Estados, ou se alguns atores não estatais terroristas utilizassem estes instrumentos para os seus objetivos perversos. Por isso, temos de aumentar o investimento na segurança e na resiliência em termos de saúde pública”, defendeu, referindo que até há pouco tempo os próprios Estados-membros da União Europeia (UE) não queriam, em geral, que a UE se ocupasse de saúde pública.

De olhos postos no futuro

Para o futuro, Durão Barroso defendeu que se devem ter mecanismos mais transparentes de cooperação, bem como um fundo permanente para se poder ajudar os países mais pobres.

“Devemos ter mecanismos mais transparentes de cooperação. Devemos ter mecanismos internacionais de cooperação científica com transparência e efetividade. Devemos ter uma espécie de fundo permanente em ‘stand by’ para poder correr atrás do prejuízo e conseguir financiamento para fazer operações para os países menos ricos”, enumerou.

Durão Barroso falava na abertura do 17.º Congresso Nacional de Bioética, que decorre hoje e sábado na Faculdade de Direito da Universidade do Porto.

O Estado Social, Direitos Fundamentais, as implicações da sociedade digital são alguns dos temas que vão ser abordados ao longo do evento focado no “futuro pós pandémico”.

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