Euro2020: as implicações do (provável) adiamento

16 mar 2020, 23:59

Calendarização do futebol europeu discutida esta terça-feira, em reunião marcada pela UEFA

Suspenso pela epidemia de Covid-19, o calendário do futebol europeu vai ser discutido esta terça-feira. Através de videoconferência, a UEFA vai dialogar com as diferentes federações e com as associações de clubes, ligas e jogadores.

O adiamento do Euro2020 está em cima da mesa, e parece incontornável, mas terá repercussões significativas, nomeadamente a nível financeiro.

Desde logo é preciso ter em conta que os orçamentos das diferentes federações já contemplam verbas referentes à participação no Campeonato da Europa (prémios de participação, receitas de patrocínios, direitos televisivos, etc), e o adiamento da prova vai deixar um buraco nessa contabilidade.

É verdade que também algumas despesas serão cortadas, mas a balança será naturalmente desequilibrada, notando-se sobretudo o peso das receitas perdidas (ou adiadas).

Para além disso, importa realçar que o provável adiamento do Europeu obrigará, necessariamente, a uma renegociação de alguns contratos. De direitos televisivos, por exemplo, mas também com patrocinadores. E tendo em conta o impacto da epidemia de Covid-19 na economia global, que entra em recessão, torna-se inevitável que essa renegociação seja feita por baixo, por valores mais baixos.

Mas dada a situação completamente atípica, provocada pela epidemia, o adiamento do Campeonato da Europa será, provavelmente, decidido na reunião desta terça-feira. Para quando? Essa será a dúvida maior.

O adiamento do Euro abrirá espaço à UEFA para o final das suas competições de clubes, e para os próprios campeonatos dos diferentes países, mas qualquer decisão retirada da reunião desta terça-feira será condicional, uma vez que, nesta altura, ninguém pode dar garantias quanto ao regresso dessas provas.

Relativamente à Liga dos Campeões e à Liga Europa, não é de excluir que a UEFA venha a ter de fazer ajustes aos formatos, de forma a conseguir levar as provas até ao fim. Como? Com eliminatórias de um jogo apenas, em terreno neutro, ou com uma «final four», por exemplo.

Já no que diz respeito aos campeonatos nacionais, é pouco provável, pelo menos para já, que a UEFA decida intrometer-se na autonomia de cada país. A não ser que seja necessário intervir num impasse evidente. Mas antes disso é preciso ter em conta o papel da Associação das Ligas Europeias, que vai participar na reunião desta terça-feira, e que pode assumir uma posição global sobre o tema.

Ainda que o futebol seja secundário no contexto da epidemia, é evidente que a Covid-19 trouxe transtornos evidentes, que é preciso antecipar. Uma pedra gigante na engrenagem desta indústria, que é preciso começar a partir.

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