Divisões entre os 27 põem em risco o embargo ao petróleo russo

13 mai 2022, 03:16
O húngaro Viktor Orbán é visto como o aliado mais próximo de Vladimir Putin na União Europeia. (fonte: AP Images)

O húngaro Viktor Orban endureceu a sua oposição à proibição faseada de compra de petróleo, e essa decisão da UE está em risco. Há quem prefira adiar a medida e avançar com outras sanções; há quem tema que um recuo seja um sinal de fraqueza

 

As divisões entre os 27 membros da União Europeia podem por em causa a determinação europeia de proibir a compra de petróleo russo. Essa medida, defendida pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pela maioria dos Estados-membro, parece cada vez mais difícil de concretizar tendo em conta a oposição frontal assumida por países como a Hungria.

Esta quinta-feira, a Bloomberg noticiou mesmo que a decisão de embargo europeu ao petróleo russo será provavelmente adiada - segundo adianta o gigante de informação económica e financeira, “alguns países” da UE começam a achar que, perante tanta resistência, é altura de “considerar o adiamento” da proibição de importação de petróleo da Rússia.

A insistência nessa medida poderá levar a um braço-de-ferro com o líder húngaro, Viktor Orban, correndo o risco de pôr em causa não só essa sanção, como muitas outras, que não levantam tantas resistências. Outras medidas que estão em preparação para o sexto pacote de sanções são alargar a mais bancos russos a exclusão do sistema de pagamentos internacionais SWIFT e proibir a prestação de serviços de consultoria e relações públicas a empresas russas.

Orban, o líder europeu com maior proximidade a Vladimir Putin, tem alegado que o corte do petróleo russo - ainda que faseado, e mesmo que com condições especiais para a Hungria -, teria demasiado impacto na economia do seu país. O presidente húngaro, recentemente reeleito, apresentou essa reeleição como uma vitória contra os “burocratas” de Bruxelas, mas também contra Volodymyr Zelensky. E mantém-se irredutível na recusa do embargo ao petróleo russo. 

As sanções europeias devem ser aprovadas por unanimidade, e segundo Orban uma decisão com esse impacto teria de ser discutida pelos líderes dos 27 numa cimeira da UE. A próxima está agendada para finais deste mês.

 

Pragmatismo ou fraqueza?

 

A Bloomberg cita diplomatas da UE, segundo os quais os governos dos 27 ainda estão a tentar chegar a um acordo sobre todo o novo pacote de sanções, incluindo uma proibição faseada de importação de petróleo russo. O deadline será segunda-feira, quando os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE se reúnem em Bruxelas para anunciar uma nova vaga de sanções a Moscovo. 

Apesar das negociações prosseguirem, a ideia de adiar a iniciativa contra o petróleo russo está a ganhar apoio, acrescentaram os diplomatas. Mas outros países recusam tal recuo, que seria lido não apenas como uma prova da divisão europeia, mas também como um sinal de fraqueza face à chantagem energética de Moscovo.

A proposta da Comissão Europeia visa reduzir progressivamente a importação do petróleo bruto russo ao longo dos próximos seis meses, e dos combustíveis refinados até ao início de 2023. No caso da Hungria e da Eslováquia, que têm maior dependência do petróleo russo, o prazo para cumprir o embargo seria até ao final de 2024, e para a República Checa até Junho do mesmo ano.

A Hungria endureceu a sua posição nesta quarta-feira, dizendo que só retiraria a sua ameaça de veto a um embargo se as suas importações através de oleodutos fossem excluídas.

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