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Diretor TVI Norte

A guerra e uma solidariedade competente

24 mar 2022, 23:31

A estação Central de Varsóvia está agora menos cheia de refugiados. A maquina liderada por voluntários encontrou organização e está a distribuir com eficácia os que chegam da Ucrânia.

Nesta estação ficam os que já têm para onde ir, aguardando um outro comboio ou a chegada de um bilhete de avião. Os outros são deslocados para vários centros de acolhimento temporário.

No olhar, todos levam o mesmo desespero.

A Polónia quer receber o presidente Biden com esse sinal de que foi competente na resposta a um dos mais delicados desafios deste mês de guerra.

Efetivamente não foi só a Polónia. A Europa, o mundo, mobilizaram-se para trazer até aqui quem consiga dar um conforto a quem foge da guerra e alimentos e vestimentas para os primeiros dias. Portugal deu também esse exemplo e são sempre visíveis carrinhas e autocarros com matricula portuguesa, disponíveis para levar para um canto seguro deste velho continente quem foge de uma guerra que julgávamos coisa impossível neste tempo da tecnologia e das causas.

Mas está a acontecer e a “comunidade internacional” junta-se em Bruxelas na procura de uma resposta. Pouco ouvimos falar na obrigação imediata de se conseguir parar a guerra e abrir o diálogo. No coro afinado da Europa, destoa o lúcido Papa Francisco. No Vaticano, de onde saiu um dia destes para ir em pessoa à embaixada russa dizer claramente o que pensava e como condena esta guerra, confessou agora que está chocado com uma nova corrida louca ao armamento e a possibilidade dos estados gastarem pelo menos 2% da sua riqueza em armas letais. Francisco lembra que “o problema básico é o mesmo. Continuamos a governar o mundo como um tabuleiro de xadrez onde os poderosos decidem os seus movimentos apenas para alargar o seu domínio em detrimento dos outros.“

Num suspiro desiludido, mas sem desistir, o Papa explica que quem domina o mundo é sempre o poder económico, tecnocrático e militar.

Na Polónia, um país que se orgulha de ser católico, seria uma inspiração para as conversas com Biden olhar para o problema de frente, ouvindo Francisco. O Papa que tudo tem feito para lembrar aos homens de qualquer Deus, que não há vencedores em nenhuma guerra. Todos perdem…

Ter mais armas de um lado, será ter mais também do outro, do outro, do outro. Já sabemos onde isto vai parar e ainda estamos a tempo de não carregar no botão fatal.

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