Frederiksen insta outros países a doarem o stock de munições. E deixa um aviso: “A Rússia não quer a paz connosco”
A Dinamarca vai enviar “toda a sua artilharia” para a Ucrânia. O anúncio foi feito este domingo pela primeira-ministra Mette Frederiksen na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, onde quis deixar claro que “a Rússia não quer a paz connosco [países europeus]”.
“Se perguntar aos ucranianos [o que precisam], eles estão a pedir-nos munições agora. Artilharia agora. Do lado dinamarquês, decidimos doar toda a nossa artilharia”, afirmou a governante, que não hesitou em desafiar outras nações a seguir o mesmo caminho.
“Ainda há munições nos stocks europeus. Não se trata apenas de produção, porque temos as armas, temos munições, temos defesa aérea que não precisamos de usar neste momento e que deveríamos entregar à Ucrânia”, disse, citada pelo The Kyiv Independent.
“O sentido de urgência não é suficientemente claro nas nossas discussões [entre países europeus]”, disse Frederiksen na Conferência de Segurança de Munique. “Temos de acelerar e escalar”, desafiou a dinamarquesa, citada pela CNBC.
Embora não tenha detalhado quantas armas tem no seu stock militar, Frederiksen justifica esta sua decisão de doar toda a artilharia dinamarquesa com o facto de a Rússia ser ainda uma ameaça, não apenas para a Ucrânia, como para toda a Europa, acusando-a de “desestabilizar o mundo ocidental de muitos ângulos diferentes – na região do Ártico, nos Balcãs e em África – com desinformação, ataques informáticos, guerra híbrida”.
O conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak também já alertou para o facto de a Rússia se tornar numa ameaça global e que, caso vença na Ucrânia, “a Europa ficará em zona de risco fatal”, destacando que as lideranças europeias já ganharam essa consciência.
Numa altura em que a Rússia começa a obter mais conquistas na frente de batalha - tendo tomado a cidade de Avdiivka - a Ucrânia enfrenta, neste momento, a situação mais precária desde o início da invasão russa de 2022 e o envio de novo armamento para Kiev poderá ser insuficiente para reverter a situação, como alertam os analistas. O próprio secretário do Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia, Oleksiy Danilov, afirma que as forças ucranianas enfrentam um momento “muito difícil” e que, por isso, precisam de “armas, armas, armas”, alertando que “a espera influencia a situação” do conflito.
Após a Hungria ter deixado cair o veto ao novo pacote de ajuda, a União Europeia (UE) conseguiu destinar à Ucrânia um novo fundo no valor de 50 mil milhões de euros.