A 4 de maio de 1977, mais de 200 soldados alemães morreram à entrada do túnel de Winterberg, no nordeste da França
Os restos mortais de mais de 200 soldados alemães, enterrados vivos num túnel no nordeste de França, durante a Primeira Guerra Mundial, não serão recuperados.
Em vez disso, o governo alemão decidiu declarar o local como memorial de guerra e colocá-lo sob proteção estatal.
A Volksbund, comissão alemã de túmulos de guerra, e o governo francês anunciaram a decisão no museu Caverne du Dragon, naquela região.
"Os esforços para alcançar os restos mortais, em 2021 e 2022, revelaram-se muito difíceis", disse uma porta-voz da Volksbund à CNN, acrescentando que houve “várias tentativas” para abrir o “muito profundo e longo” túnel, localizado numa reserva natural com "solo arenoso ainda contaminado com munições".
Embora a equipa franco-alemã tenha conseguido alcançar 64 metros de profundidade, "não encontrou quaisquer vestígios", disse o responsável.
Muitas batalhas da Primeira Guerra Mundial ocorreram entre as forças armadas francesas e as tropas alemãs posicionadas no Chemin des Dames, ou “Caminho das Damas”, um local entre dois vales.
A 4 de maio de 1917, durante uma das maiores batalhas da guerra, o exército francês disparava contra soldados alemães com artilharia pesada. Um projétil atingiu a entrada do túnel de Winterberg no Chemin des Dames, de acordo com a Volksbund.
Algumas das tropas alemãs, do 111.º Regimento de Infantaria da Reserva de Baden, fugiram para dentro do túnel, onde as munições armazenadas tinham explodido e fumos tóxicos estavam a ser libertados.
Os soldados criaram uma barricada para tentarem proteger-se dos gases nocivos até que fossem resgatados, mas os fortes bombardeamentos impediram que a ajuda chegasse até eles.
A entrada do túnel desabou durante o ataque e apenas três soldados de uma infantaria de mais de 200 foram salvos. Os outros sufocaram, morreram de sede ou suicidaram-se com um tiro.
Ao longo dos anos, houve inúmeras tentativas - incluindo ilegais - para encontrar a entrada do túnel enterrado na floresta estatal de Vauclair, segundo a Volksbund.
Em maio do ano passado, mais de um século depois do acontecimento e após anos de trabalho, a Volksbund e os parceiros franceses fizeram perfurações precisas para confirmar a localização do túnel, descobrindo uma grande cavidade no subsolo, com o local da sepultura intacto.
Ao designarem o local como memorial, as autoridades alemãs e francesas esperam dignificar e proteger o local de repouso dos soldados. "Isto garante que os soldados continuarão a descansar em paz", argumentou a Volksbund.
"Nos últimos anos e meses, temos cooperado com os nossos parceiros franceses com espírito de confiança", disse ainda Dirk Backen, diretor-executivo da Volksbund.
"Estamos muito gratos por isto - e estamos satisfeitos por podermos apresentar hoje uma solução conjunta", acrescentou.
Uma vez cumpridos os requisitos legais para um cemitério de guerra, o planeamento do memorial terá início, e o local poderá vir a ser inaugurado já no próximo ano, disseram as autoridades francesas e alemãs.