No mundo do futebol comprou-se menos, mas mais caro

6 fev 2015, 10:13
Cuadrado

Menos transferências internacionais, mas mais caras do que há um ano. O contexto de contenção, e a iminência do fim dos passes detidos por fundos de investimento não impede que o negócio do futebol vá movimentando verbas cada vez mais elevadas.

Esta é a principal conclusão do estudo feitos pela FIFA após o fecho de mercado de inverno. Os dados recolhidos pelo sistema de verificação de transferências
, TMS, apontam para um volume de negócios a rondar os 390 milhões
de euros, apenas nas cinco principais Ligas europeias (Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França).

O aumento de 90 milhões (31 por cento), por comparação com o registado há um ano, é tanto mais significativo quanto o total de contratações – só entradas, as saídas não são incluídas neste número - baixou de 460 em 2014, para 423 em 2015.

A Inglaterra continua a ser um caso à parte neste particular. Não só domina as movimentações de mercado, com 145 milhões investidos neste inverno na compra de jogadores, como contraria a tendência das outras quatro Ligas: foi a única onde se registaram mais saídas de jogadores (138) do que entradas (126). Ainda assim, os clubes ingleses gastaram mais 16 por cento do que há um ano.

Se o investimento inglês continua a estar claramente à frente dos restantes, a Liga alemã é, por sua vez, a que regista maior crescimento: pela primeira vez, desde 2010, os clubes da Bundesliga garantiram a segunda posição global, tendo investido 100 milhões em novos jogadores nesta janela de inverno, mais do dobro do valor de há um ano. Essa tendência de crescimento é reforçada pelo facto de entre saídas (91) e entradas (57) haver a partir deste inverno mais 34 jogadores estrangeiros nos clubes profissionais alemães.

Os clubes de Espanha e Itália não gastaram tanto, mas, ainda assim, tiveram aumentos muito significativos: segundo os dados preliminares, o investimento espanhol no mercado de inverno aumentou 58 por cento, para os atuais 74 milhões de euros, mesmo sem o contributo do Barcelona. E o italiano também subiu, 74 por cento, para os atuais 48 milhões, que tornam o calcio
na quarta potência económica do futebol europeu.

A fechar o Top-5 vem a França, que perdeu uma posição para a Itália: por força das imposições do fair-play financeiro, e da «timidez» de Mónaco e PSG, por contraste com anos anteriores, o investimento baixou para uns modestos 25 milhões nesta janela de inverno, menos 52 por cento do que há um ano.

De referir que das 423 novas contratações, 338 vieram de Ligas fora do Top-5, isto é, com menos condições económicas para resistir à venda. Se a contratação mais sonante acabou por ser a do colombiano Juan Cuadrado, da Fiorentina para o Chelsea, esse tipo de negócio entre duas Ligas fortes foi raridade: apenas 20 por cento do total. Essa tendência foi levada ao extremo pelos clubes franceses, que apenas contrataram 5 dos seus 58 reforços em Ligas de topo.

Olhando para fora da Europa, há dois fenómenos geográficos que merecem atenção. Um é o crescimento dos mercados da América do Norte e Central, com o reforço da MLS e da Liga Mexicana como potências do mercado de transferência: de 346 milhões de euros, em 2011, o investimento global dessas duas Ligas passou para os 480 milhões atuais, contando as duas janelas de mercado. Ou seja: a Europa já não está assim tão longe como antigamente.

Por fim, a outra curiosidade geográfica deste estudo, que será divulgado em pormenor durante a próxima semana, tem a ver com a emergência do mercado asiático, com a entrada em cena de um ator até aqui desconhecido, a Índia, cujos clubes passaram a ter em 2014, pela primeira vez, papel relevante no mercado internacional de transferências.

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