Murray: número 1 com jackpot e o irmão já lá estava

21 nov 2016, 10:15
ATP Finals (Reuters)

Escocês discutiu liderança do ranking a fechar o ano em duelo direto com Djokovic, e ganhou. Mas o irmão já tinha chegado a número 1 antes dele

Londres era jackpot. Pela primeira vez na história, quem vencesse a decisão do ATP Finals, o antigo Masters, fecharia o ano como número 1 do Mundo. E Andy Murray ganhou o duelo direto pelo topo do ténis mundial com Novak Djokovic. Selo de ouro para um ano de sonho do escocês, que venceu Wimbledon e revalidou o título de campeão olímpico no Rio de Janeiro.

Foi um episódio especial do duelo entre os dois, que vai no 35º episódio. Uma rivalidade que promete prolongar-se nos próximos tempos entre dois tenistas que são mais ou menos da mesma idade e na qual Djokovic tem vantagem clara. Mas que Murray começou a equilibrar e, neste domingo, superou.

Em Londres, Murray chegou à decisão do torneio que reune os melhores do mundo e encerra o ano, pela primeira vez na sua carreira, com mais três horas jogadas que Djokovic, cinco vezes vencedor. E neste domingo os 17 mil espectadores que lotaram a O2 Arena em Londres, mais uns milhões em todo o mundo, assistiram mesmo à passagem de testemunho.

«Fiz um enorme esforço nos últimos seis meses para chegar aqui. Agora quero ficar!», dizia Murray no final, admitindo no entanto que essa é uma batalha igualmente dura: «Sei que será muito difícil, porque tive um ano fantástico.»

Para já, Djokovic tirou o chapéu ao rival. «Ele mereceu ganhar», disse o sérvio, admitindo a sua óbvia queda de forma na segunda metade do ano e a necessidade de descansar. «Tenho um mês e meio de paragem, é um luxo. Agora é altura de parar um pouco, deixar a raquete de lado. E para Andy é o momento de saborear.»

Um virar de ano que chega também com outro dado simbólico: Roger Federer não está no to 10 pela primeira vez em 14 anos. E Rafa Nadal, que protagonizou com o suíço uma rivalidade sem par na história do ténis, está na nona posição.

Federer foi dos primeiros a saudar Murray, e também Djokovic, nas redes sociais.

Também Del Potro, rival de Murray na épica final olímpica, deu os parabéns ao escocês

Murray tornou-se o 17º jogador diferente a fechar o ano como número 1, mas é a primeira vez em mais de doze anos que aparece um nome na lista diferente dos três do costume: Roger Federer, Rafa Nadal ou Novak Djokovic.

Djokovic foi líder durante quase dois anos e meio, desde julho de 2014, 122 semanas seguidas. Já tinha subido a número um por duas vezes antes disso, a primeira em 2011, quando destronou Rafa Nadal mas apenas por uma semana, antes de Roger Federer assumir o trono.

Em novembro de 2012 o sérvio voltou a passar para a frente, dessa vez segurou o nº 1 por 48 semanas, até ser destronado por Nadal. Depois, recuperou o lugar ao espanhol e não mais o largou, até há duas semanas, quando Murray chegou pela primeira vez ao lugar mais alto da hierarquia mundial. O escocês assegurou a liderança no início de novembro ao chegar à final do Masters de Paris, que venceu.

Foi longo o percurso de Murray, anos e anos de insistência a terminarem à porta dos grandes títulos e das grandes decisões. A sua primeira vitória num Grand Slam aconteceu em 2012, no US Open. E o título para a história no ano seguinte: Wimbledon, o primeiro britânico a vencer em «casa» em 77 anos. Voltaria a vencer Wimbledon este ano, o seu terceiro triunfo num Grand Slam até hoje.

No ano passado liderou o Reino Unido na conquista da Taça Davis e pelo meio foi duas vezes campeão olímpico: há quatro anos em Londres e agora, no Rio. 2016 foi o seu ano de ouro: nove títulos este ano, numa série em curso de 24 vitórias consecutivas. A afirmação definitiva do homem que os britânicos aclamam como seu a cada conquista, mas que assumiu ter votado pela independência da Escócia no referendo de há dois anos.

Jamie, o Murray mais velho, chegou primeiro

Na verdade, Murray não fez mais do que ir atrás do irmão mais velho. Sim, Jamie Murray tornou-se esta semana nº 1 do mundo em pares.

Pouco mais de um ano mais velho que Andy, Jamie faz dupla com o brasileiro Bruno Soares e tinha assegurado a liderança do ranking no final da semana, depois da eliminação dos franceses Pierre-Hugues Herbert e Nicolas Mahut em Londres. O britânico e o brasileiro perderam na meia-final, mas já tinham o objetivo atingido. A Jamie restava esperar para ver se Andy lhe seguia os passos. E no fim aplaudiu.

Aqui estão Andy e Jamie com a mãe, Judy, professora de ténis e a primeira treinadora dos dois filhos

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