Demoravam 10 horas a carregar, pesavam mais de um quilo e podiam valer 4500 euros. A primeira chamada num telemóvel foi há 50 anos

CNN Portugal , MCP
3 abr 2023, 16:35
Martin Cooper (getty)

Martin Cooper, o "pai do telemóvel" foi o autor da chamada e aproveitou para ligar ao seu principal adversário

3 de abril de 1974. Passaram 50 anos desde que a primeira chamada por telemóvel foi feita. Na altura, Martin Cooper trabalhava para a Motorola e liderava uma equipa de designers e engenheiros numa corrida para produzir a primeira tecnologia verdadeiramente móvel e evitar ficar de fora de um mercado emergente. Foram precisos milhões e uma pesquisa intensiva ao longo de três meses, mas conseguiu. E quem melhor do que o seu adversário, o engenheiro da gigante de telecomunicações Bell System, Joel Engel, para testar a sua descoberta?

 “Joel, é o Martin Cooper. Ele disse: «olá Marty», e eu disse: «Joel, estou a falar contigo através de um telemóvel, mas um a sério, pessoal, portátil, de mão» e houve silêncio do outro lado da linha, acho que ele estava a ranger os dentes”, conta o “pai do telemóvel”, agora com 94 anos, numa entrevista à agência de notícias AFP.

Na altura, o telemóvel pesava mais de um quilo e tinha bateria para 25 minutos de conversação. O que não era um problema, já que “o telefone era tão pesado que não conseguia segurá-lo durante mais de 25 minutos”, acrescenta.

A tecnologia da altura contrastava muito com a atual. Os telemóveis não tinham as mesmas funcionalidades, demoravam 10 horas para carregar totalmente, tinham uma antena de 15 cm, não permitiam escrever mensagens e não tinham câmara, mas estavam avaliados em cerca de 4500 euros. A verdade é que eram importantes, como hoje são, e trouxeram benefícios para os primeiros utilizadores, que eram sobretudo profissionais do ramo imobiliário. Cooper explica: “quem trabalhava com imóveis, ou mostrava casas ou marcava visitas com os clientes por telefone. Com o telemóvel passaram a poder fazer as duas coisas”.

“O telemóvel passou a ser uma extensão da pessoa, pode fazer tantas coisas”, comenta. E se já assim era quando surgiu, ainda mais o é agora, que dificilmente se vê alguém com as mãos livres.

Para o inventor, é chocante a forma como as pessoas vivem obcecadas pelo telemóvel e espera que, no futuro, usem esta ferramenta de forma mais eficiente.

"Pessoas com telemóveis olham demasiado para eles, ficam presas àquilo. Eu fico devastado cada vez que vejo pessoas a passar a rua a olhar para o telemóvel", lamenta.

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