Mercado de trabalho está a abrandar. Depois da subida dos juros, Lagarde deixa nova má notícia

Agência Lusa , MG
14 set 2023, 17:17
Christine Lagarde (Foto: Ronald Wittek/EPA)

Banco Central Europeu (BCE) sublinha que ''o setor dos serviços, que até agora tinha sido resiliente, está agora também a enfraquecer"

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse esta quinta-feira que a economia da zona euro deverá continuar moderada nos próximos meses e assinala que o ímpeto do mercado de trabalho está a abrandar, sobretudo nos serviços.

Em conferência de imprensa, após a reunião do Conselho de Governadores que decidiu um novo aumento das taxas de juro de 25 pontos base, a responsável do BCE explicou que a economia estagnou durante o primeiro semestre do ano e assinalou que os indicadores mais recentes “sugerem que também esteve fraca no terceiro trimestre”. 

“A menor procura de exportações da zona euro e o impacto das condições de financiamento restritivas estão a atenuar o crescimento, nomeadamente através da redução do investimento residencial e empresarial”, disse.

A presidente do BCE destacou que “o setor dos serviços, que até agora tinha sido resiliente, está agora também a enfraquecer”.

“É provável que a economia continue moderada nos próximos meses”, disse, acrescentando, contudo, que “com o tempo, a dinâmica económica deverá acelerar, uma vez que se espera que os rendimentos reais aumentem, apoiados pela queda da inflação, pelo aumento dos salários e por um mercado de trabalho forte, o que apoiará o consumo privado”.

Lagarde também salientou que o mercado de trabalho tem permanecido resiliente até agora, apesar da desaceleração da economia, contudo admitiu que, embora o emprego tenha crescido 0,2% no segundo trimestre, “o ímpeto está a abrandar”.

“O setor dos serviços, que tem sido um importante motor do crescimento do emprego desde meados de 2022, está agora também a criar menos empregos”, sinalizou.

A presidente do BCE defendeu mais uma vez que à medida que a crise energética se dissipa, “os governos devem continuar a reduzir as medidas de apoio”.

“É essencial para evitar o aumento das pressões inflacionistas a médio prazo, que de outra forma exigiriam uma resposta de política monetária ainda mais forte”, argumentou.

Segundo Lagarde, o crescimento poderá ser mais lento se os efeitos da política monetária forem mais fortes do que o esperado, ou se a economia mundial enfraquecer, por exemplo devido a um novo abrandamento na China.

“Por outro lado, o crescimento poderá ser superior ao previsto se o forte mercado de trabalho, o aumento dos rendimentos reais e a diminuição da incerteza significarem que as pessoas e as empresas se tornam mais confiantes e gastam mais”, disse.

Já os riscos ascendentes para a inflação incluem potenciais pressões ascendentes sobre os custos da energia e dos alimentos, alertando também para o impacto das condições meteorológicas adversas e a evolução da crise climática.

“Um aumento duradouro das expectativas de inflação acima da nossa meta, ou aumentos superiores aos previstos nos salários ou nas margens de lucro, também poderá aumentar a inflação, inclusive a médio prazo”, advertiu.

Por outro lado, “uma procura mais fraca – por exemplo devido a uma transmissão mais forte da política monetária ou a um agravamento do ambiente económico fora da área do euro – levaria a pressões mais baixas sobre os preços, especialmente a médio prazo”, disse.

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