BCE sobe taxas em 25 pontos base e coloca juros em níveis históricos

ECO - Parceiro CNN Portugal , Luís Leitão
14 set 2023, 13:18
Christine Lagarde BCE (AP/ Michael Probst)

Apesar da decisão desta quinta-feira,o BCE abre a porta - e pela primeira vez - ao fim do ciclo de subidas das taxas de juro iniciado em julho do ano passado

As taxas de juro na Zona Euro voltaram a subir. De acordo com a decisão tomada esta quinta-feira pelo Comité de Política Monetária do Banco Central Europeu (BCE), as taxas diretoras do BCE vão aumentar 25 pontos base.

Trata-se da décima subida consecutiva desde que em julho do ano passado a autoridade monetária da Zona Euro iniciou um ciclo de subida das taxas de juro. Com esta decisão, a taxa de facilidade permanente de depósitos aumenta para 4%, situando-se no valor mais elevado de sempre.

Significa que, a partir de agora, os recursos depositados pelos bancos comerciais junto do BCE em overnight passarão a ser remunerados à taxa de 4%.

Ciclos de subida do BCE

Com a subida anunciada esta quinta-feira, o Banco Central Europeu coloca a taxa de juro de facilidade permanente de depósito no valor mais elevado desde a entrada em vigor da moeda única.

As restantes taxas diretoras do BCE também sofrem um aumento de 25 pontos base. Desta forma, a taxa de juro das principais operações de refinanciamento passa para 4,5% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumenta para 4,75%.

A decisão anunciada pelo BCE não apanhou o mercado totalmente de surpresa, sobretudo depois de na quarta-feira a Reuters ter revelado que o BCE prepara-se para rever em alta as previsões da inflação para o espaço da moeda única para o próximo ano, colocando o Índice Harmonizado de Preços do Consumidor acima dos 3% em 2024.

“As projeções macroeconómicas de setembro para a área do euro elaboradas por especialistas do BCE indicam uma inflação média de 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025, o que representa uma revisão em alta para 2023 e 2024 e uma revisão em baixa relativamente a 2025”, refere o BCE.

A autoridade monetária da Zona Euro liderada por Christine Lagarde justifica que a revisão em alta da inflação em relação a 2023 e 2024 reflete uma trajetória mais elevada para os preços dos produtos energéticos. “As pressões subjacentes sobre os preços permanecem altas, embora a maioria dos indicadores tenha começado a abrandar.”

O BCE considera também que as condições de financiamento tornaram-se mais restritivas e estão a refrear cada vez mais a procura, “o que constitui um importante fator para fazer a inflação regressar ao objetivo”. O efeito desta dinâmica é espelhado por um maior enfraquecimento do enquadramento do comércio internacional, que levou os especialistas do BCE a reduzirem significativamente as suas projeções para o crescimento económico. O BCE espera agora que economia do espaço do euro cresça apenas 0,7% em 2023, 1,0% em 2024 e 1,5% em 2025.

BCE perspetiva que não haverá mais subidas

Pela primeira vez, o BCE abre também a porta a que o ciclo de subidas das taxas de juro desde julho do ano passado tenha chegado ao fim. “Com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras atingiram os níveis que – se forem mantidos durante um período suficientemente longo – darão um contributo substancial para o retorno atempado da inflação ao objetivo.”

Na sua declaração, o BCE salienta que “as futuras decisões do Conselho do BCE assegurarão que as taxas de juro diretoras sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário.”

No entanto, o BCE sublinha que continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados na determinação do nível e da duração adequados da restritividade. “As decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro continuarão a basear-se na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.”

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