Subida das taxas de juro levou mais famílias a pagarem o crédito da casa aos bancos antes do tempo. Reembolsos antecipados atingiram 6,6 mil milhões em 2022
A subida das taxas de juro encareceu o crédito da casa no ano passado, o que levou mais famílias a amortizarem os seus empréstimos aos bancos antes do tempo. Os dados do Banco de Portugal mostram que os reembolsos antecipados totais ou parciais dispararam em 2022, superando os 6,6 mil milhões de euros em montante.
De acordo com o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito de 2022, ao todo, foram realizados 141.952 reembolsos antecipados totais ou parciais em contratos de crédito à habitação, o que representa um aumento de 20,4 em relação a 2021.
“Estes reembolsos envolveram um capital amortizado de 6,6 mil milhões de euros (mais 15,1% face a 2021), correspondente a cerca de 6,6% do saldo em dívida da carteira a 31 de dezembro de 2022”, acrescenta o Banco de Portugal.
O montante médio por reembolso diminuiu de 48.879 euros, em 2021, para 46.739 euros, em 2022.
Maioria foram reembolsos totais
A maioria que fez reembolsos antecipados no ano passado optou por amortizar a totalidade do empréstimo da casa ao banco. Dos quase 142 mil reembolsos antecipados ocorridos em 2022, 100.217 foram reembolsos antecipados totais, um aumento de 12% em comparação com 2021, “aos quais correspondeu um montante reembolsado de 5,9 mil milhões de euros (mais 10,2%)”.
Neste tipo de reembolsos, o montante médio reembolsado foi de 58.817 euros, segundo o supervisor bancário.
Quanto aos reembolsos antecipados parciais, foram realizados um total de 41.735 no ano passado, um aumento de 47,1% em relação a 2021, e “aos quais correspondeu um montante reembolsado de 740 milhões de euros (mais 78,1%)”.
Cada reembolso parcial ascendeu, em média, a 17.738 euros, acima dos 14.646 euros da média do ano anterior.
Reembolsos aceleraram no segundo semestre
O Banco de Portugal explica que o aumento dos reembolsos antecipados aconteceu num contexto de aumento das taxas de juro de referência, nomeadamente das Euribor, que dispararam para máximos de 15 anos devido ao aperto do Banco Central Europeu (BCE) para controlar a inflação.
A subida das Euribor fez disparar as prestações e muitas famílias, para evitar terem de pagar mais juros ao banco, decidiram amortizar antecipadamente o empréstimo, aproveitando ainda a suspensão temporária da comissão por reembolso antecipado.
A instituição liderada por Mário Centeno indica que o “número de reembolsos antecipados aumentou especialmente durante o segundo semestre de 2022, tendo atingido o seu máximo em dezembro”. No último mês do ano passado, as famílias fizeram cerca de 15 mil reembolsos antecipados.