Aumento dos preços já se faz sentir no bolso das famílias. Gastos nos supermercados subiram em março e mais ainda em abril

CNN Portugal , BCE
19 mai 2022, 07:25

Revista de imprensa. Os números indicam que os portugueses não estão necessariamente a comprar mais, mas a pagar mais pelo que compram.

Nos primeiros quatro meses deste ano, os portugueses gastaram 3.324 milhões de euros nas idas aos supermercados, mais 2,1% do que no período homólogo do ano passado, o que corresponde a um aumento de mais 69 milhões.

A notícia é da edição desta quinta-feira do Diário de Notícias, que mostra que a tendência de crescimento acelerou a partir de março, citando dados da NielsenIQ, que mostram que, apesar dos baixos níveis de consumo registados no início do ano, com as vendas de bens de grande consumo a caírem 1,1% em fevereiro, comparativamente a igual mês de 2021, a partir de março verifica-se uma tendência significativa de aumento dos gastos das famílias no retalho alimentar, com um crescimento de 3,7% em março e de 5,7% em abril.

Dos gastos totais no supermercado, destaca-se o aumento dos preços em mercearia e laticínios, que valem hoje 42,2% e 17,1% da fatura - o correspondente a um aumento de 2,7 pontos percentuais face ao valor total gasto em produtos de mercearia em 2021 e de 0,5 pontos percentuais nos laticínios. Já o consumo de congelados e de bebidas alcoólicas está a cair, face ao ano passado.

De acordo com o jornal, estes números traduzem já o efeito não só da guerra na Ucrânia, mas também do agravamento dos custos das matérias-primas, da energia e dos combustíveis, e do consequente aumento da inflação. Quer isto dizer que os portugueses não estão necessariamente a comprar mais, estão a pagar mais pelo que compram.

Citado pelo diário, o diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição confirma que estes números traduzem "um mix entre o efeito inflação e um comportamento mais cauteloso por parte dos consumidores, que já perceberam que há um conjunto de produtos que estão a sofrer uma grande pressão do ponto de vista da oferta e do crescimento do preço".

Mas, de acordo com o responsável, a pressão sobre os preços das matérias-primas já era evidente no segundo semestre de 2021 como reflexo da subida dos custos energéticos, dos combustíveis fósseis e dos cereais, o que levou os fornecedores das grandes superfícies a reverem as suas tabelas, no final do ano, com aumentos médios de 10 a 15%, sobretudo dos cereais.

Questionado sobre a evolução dos preços de venda ao público nos próximos meses, Gonçalo Lobo Xavier lembra que os estudos e relatórios apontavam para um aumento 30 a 35% dos bens alimentares até ao final do primeiro semestre: "Nalguns segmentos já se ultrapassou esse valor e já estamos a recuperar para níveis mais razoáveis com a diminuição dos [custos] dos fatores de produção", diz, referindo-se ao setor das hortofrutícolas.

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