Suécia muda de estratégia e anuncia construção de dez reatores nucleares para atingir a neutralidade carbónica

11 ago 2023, 10:50
Central nuclear de Oskarshamn, na Suécia (Mikael Fritzon/AP)

País passará a ser a segunda força da União Europeia em energia nuclear, retomando uma estratégia que vinha sendo abandonada desde os anos 1980

A ministra do Ambiente da Suécia anunciou a construção de dez reatores nucleares nos próximos 20 anos. Esta foi a solução encontrada pelo governo para atingir a neutralidade carbónica até 2050, como foi definido pela União Europeia.

Uma decisão que os críticos dizem chegar tarde e ser demasiado cara, mas que o governo entende ser a melhor forma para duplicar a produção de eletricidade no país, passando de uma estratégia de "100% renovável" para "100% livre de combustíveis fósseis".

O anúncio de Romina Pourmokhtari vai mais do que duplicar a capacidade de energia nuclear da Suécia, que atualmente tem seis reatores. "A transição climática exige a duplicação da produção de eletricidade nos próximos 20 anos", argumentou a ministra.

Para isso o governo vai ter de conseguir passar uma legislação que acabe com a que está atualmente em vigor, e que prevê um máximo de dez reatores nucleares no país, atualmente distribuídos por Forsmark, Oskarshamn e Ringhals. A apresentação dessa lei deve acontecer no outono, mas a ministra do Ambiente não tem dúvidas: "É uma forma moderna de ver a energia nuclear."

Apesar das críticas, esta é uma via há muito utilizada pela Suécia, que é um dos quatro países que mais energia nuclear produz em toda a União Europeia. De resto, os seis reatores suecos são os mesmos que os seis reatores da Chéquia, só que produzem o dobro da energia. Acima destes dois países só Espanha, com sete reatores, e França, que tem 56, sendo um país que tradicionalmente aposta neste tipo de energia. Feitas as contas a Suécia passará a ser a segunda potência nuclear da União Europeia, ficando também acima do Reino Unido.

Este anúncio trata-se apenas da concretização de uma das medidas que ficou prevista no acordo que permitiu formar o governo na Suécia. A coligação que suporta o executivo, e que é constituída por democratas-cristãos, liberais e até extremistas de direita, concordou de antemão com a construção de novos reatores nucleares.

É também o regresso a uma política que se tentou descontinuar nos anos 1980, quando o governo acordou uma redução da utilização da energia nuclear, fechando seis dos 12 reatores então existentes, enquanto os que continuam a funcionar ainda são responsáveis por 30% da energia produzida.

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