Sporting-Rio Ave, 2-0 (crónica)

Sérgio Pereira , no Estádio de Alvalade, em Lisboa
25 set 2023, 22:27

Sopros de quietude, shhhh, shhhh

Para entender na plenitude a vitória do Sporting é preciso, antes de mais, olhar à volta. Levantar a cabeça, abrir os olhos, ir até onde a vista alcança e compreender o que estava por detrás.

O FC Porto, por exemplo, venceu outra vez nos descontos. Já o Benfica apanhou um susto tremendo, até que Trubin parou o penálti que podia trazer o empate. O Sp. Braga, por fim, estava a enfrentar excelente réplica até que Seba Perez viu dois amarelos seguidos à meia hora.

Os rivais tinham vencido, sim, mas cada um à sua maneira tinham enfrentado sérios problemas. O desafio do Sporting era ir contra a corrente e fazer uma afirmação de poder.

A tarefa, pensava-se, poderia não ser assim tão fácil, afinal de contas do outro lado surgia um Rio Ave que é equipa com mais posse de bola a seguir aos quatro grandes, precisamente, e que é também das mais fortes do campeonato em ações com bola e passes certos.

Perante isto, lá está, a solução era entrar forte, não permitir que Alvalade se intranquilizasse e evitar que o adversário crescesse dentro do jogo.

O plano, aliás, tornou-se mais óbvio até demasiado cedo, quando se percebeu que Morita tinha esta noite ordens para pressionar uns metros mais à frente, apoiando muitas vezes Paulinho na pressão sobre a primeira linha adversária. No fundo interessava não deixar o Rio Ave jogar.

Ora  a verdade é que o Rio Ave demorou uma eternidade a conseguir sair lá de trás. Durante toda a primeira parte só fez um remate, de longe e sem perigo, aliás.

Luís Freire é dos treinadores mais interessantes deste campeonato, não é segredo nenhum, e não condenou a sua equipa a encolher-se em Alvalade. Por isso o Rio Ave jogava a toda largura do campo, com alas bem abertos e precisamente o mesmo esquema tático do Sporting.

No fundo queria fazer o jogo pelo jogo, com todos os riscos que isso significava.

O problema é que os riscos foram provavelmente mais do que o treinador imaginaria. O Sporting entrou muito forte, com enorme pressão e velocidade no último terço. Ameaçou duas, três vezes e aos dez minutos, em mais uma transição de Edwards pelo centro, abriu o marcador: o inglês lançou Morita, que serviu Paulinho para uma finalização em frente à baliza.

A partir daí o Rio Ave tinha de crescer, mas não conseguia. A equipa cometia até muitos erros na saída da bola, o que tornou a exibição em Alvalade muito pobre.

Foi numa má saída, aliás, que Hjulmand recuperou a bola, Edwards foi por ali fora e só parou quando fez o segundo golo. Ainda antes da meia hora. Pelo meio, Pote, por duas vezes, e Nuno Santos também ameaçaram marcar, numa primeira parte que foi de sentido único em Alvalade.

Na segunda parte ainda houve um momento de inquietude, quando Costinha marcou na sequência de uma bola parada, mas a jogada foi anulada por um fora de jogo de seis centímetros e o jogo voltou ao mesmo: o Sporting a controlar e ameaçar marcar em saídas rápidas.

Era sempre assim, transições muito fortes, velocidade no último terço e o desequilíbrio estava feito. É verdade que a equipa não voltou a marcar, mas a vitória nunca esteve em risco.

No fundo, e ao contrário dos rivais, o Sporting viveu destes sopros de quietude. Shhhh, shhhh. Um sossego absoluto.

Pode vir o Benfica-FC Porto, que esta equipa está forte.

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