Salgueiros-Braga, 3-4 (destaques)

31 mar 2001, 23:35

Fehér na noite de Zé Roberto Uma exibição perfeita de um jogador que não se cansa de surpreender. Zé Roberto foi a estrela mais brilhante numa noite rara. Não choveu, jogou-se bom futebol e marcaram-se grandes golos.

Zé Roberto

O seu nome começa a ser sinónimo de susto apenas por figurar na ficha dos jogos como opção do seu treinador. Os adversários já tremem só de o ver, certos que aquele pé direito consegue dirigir a bola para onde quer, e aproximam-se do pânico assim que o vislumbram a tomar balanço, de peito cheio e olhar felino. Zé Roberto começou apenas com um aviso, logo aos quatro minutos, ao qual o Salgueiros não terá dado a devida importância. Sentiu-se insultado e trocou de método, preferindo o passe certeiro para a cabeça de Odair, cuja desmarcação detectara onde parecia impensável colocar a bola com precisão. Era uma segunda prova de um jeito único para encantar, recuperado por instantes aos 27 minutos, desta vez rumo à rede sem necessidade de desvios. Um primeiro tiro indefensável, repetido de imediato, desta vez com a ajuda de um arco fantástico, arquitectónico, que deixou Jorge Silva desesperado. Foi o melhor golo da noite, possivelmente um dos mais memoráveis de toda a I Liga. 

Bodunha

Reclamou, durante a semana que precedeu o jogo, uma aposta mais clara de Vítor Manuel em si, confessando ainda não estar devidamente integrado na equipa de Vidal Pinheiro, mas assegurando que ninguém mais que ele quer ajudar o Salgueiros. E mostrou-o inequivocamente neste jogo. Foi sempre bastante ofensivo, procurando revezar-se com João Pedro nas tentativas atacantes pelo lado direito. A ausência de referência na zona central, no entanto, levou-o a trocar os cruzamentos pelos remates de longa distância, que lhe dariam notoriedade já na segunda parte, depois de, a segundos do intervalo, ter sido o mais rápido a reagir à confusão gerada por um remate falhado por Paquito. O momento mais fulgurante, no entanto, surgiria no minuto 51, num instante de magia pura, consentida por uma divindade qualquer, seguramente sua amiga. O trabalho com o pé direito parecia excessivo, mas o remate, com o esquerdo, não podia ter sido mais perfeito. 

Castanheira

Um médio com funções defensivas esquecidas momentaneamente assim que a sua equipa tem a bola. Serve-se preferencialmente do pé esquerdo para trocar os olhos a quem ousa colocar-se no seu caminho e diverte-se no exercício de recuperar e assistir, na dupla tarefa de destruir e inventar, apenas ao alcance do grupo restrito dos mais fabulosos que, jogo após jogo, parece destinado a integrar. Não é de grandes preciosidades, mas tudo o que faz é precioso. Limita-se a ser constante e eficaz, parecendo incapaz de falhar um passe ou cometer um erro comprometedor. Está cada vez mais completo, faltando-lhe, talvez, sem bem isso possa parecer uma exigência excessiva, maior arrojo quando o remate pode ser opção. 

Pedrosa

Um golo, uma boa exibição, uma utilidade impressionante. Será seguramente o mais regular do Salgueiros e, por consequência, o contribuinte mais importante para a excelente campanha que a sua equipa está a realizar. O rigor táctico que lhe reconhecem há muito continua a surpreender e consente-lhe o rótulo de indiscutível, aconteça o que acontecer, seja em que estratégia for. Os seus livres são o perigo antecipado e a sua percepção do jogo é a arma mais constante. O primeiro golo da formação de Vítor Manuel, de resto, é a prova clara de que antecipa como poucos as travessuras da bola. Pedrosa reagiu mais rápido que todos os outros e marcou quando a sua equipa parecia mais enervada que nunca. 

Luís Filipe

Um destaque repetido numa sequência impressionante. Luís Filipe está a atravessar um momento excelente, talvez o melhor da carreira, exibindo a confiança de quem sabe que pode chegar muito longe e começa a sonhar com outro tipo de objectivos. É, indiscutivelmente, uma referência do campeonato e um extremo a ter em conta para a selecção nacional, mesmo com Figo, Sérgio Conceição, Capucho e Simão à sua frente. A chamada, pelo menos, já merece. Tipo prémio.

Patrocinados