Bruxaria terá estado na origem do rapto e morte de criança em Setúbal

23 jun 2022, 12:16

Menor de 3 anos sofreu várias agressões durante os dias em que esteve raptada

A mãe da criança que acabou raptada e morta em Setúbal teria problemas com o marido e, por isso, entregou-se a rezas de uma mulher que lhe permitiria salvar a relação. Segundo as suspeitas das autoridades, esta foi cobrando dinheiro, e exigindo mais, até que a vítima deixou de pagar. Então, atraiu-a a mais um encontro, em que a iria ajudar com uma última reza - sugerindo que a mulher levasse também a filha, que ficaria a brincar com a neta dela durante a "consulta". E a criança foi raptada nesse momento. 

A menor de 3 anos sofreu várias agressões durante os dias em que esteve raptada - por parte da mulher, do marido e da filha do casal. Até que começou a dar sinais físicos de que podia não resistir. Nessa altura, a mulher contactou a mãe para ir buscar a filha.

A falsa ama estava em fuga quando foi apanhada pela PJ na zona de Leiria.

A Polícia Judiciária revelou em comunicado, divulgado na manhã desta quinta-feira, que identificou e deteve um homem de 58 anos e duas mulheres, de 52 e 27 anos, "por sobre eles recaírem fortes indícios da prática dos crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física grave, rapto e extorsão" na sequência da morte da menina de três anos, ocorrida no passado dia 20 de junho. "Os detidos serão presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas", informa ainda a declaração. 

As duas mulheres, sabe a CNN Portugal, ficaram detidas no estabelecimento prisional de Tires. O homem passou a noite na prisão junto à sede da Polícia Judiciária em Lisboa. Os três serão levados esta quinta-feira ao tribunal de Setúbal.

Mãe e padrasto saem em liberdade

A mãe de Jéssica e o padrasto da criança saíram em liberdade depois de terem sido interrogados pela Polícia Judiciária, já na madrugada desta quinta-feira. A mulher terá dito à família e vizinhos que a menina estava numa colónia de férias, para justificar a ausência de Jéssica, agindo sob coação do casal que lhe raptou a filha. A criança foi devolvida à mãe na manhã de segunda-feira, ainda que esta só tenha pedido auxílio para a criança ao início da tarde.

Devido a esta demora em prestar ajuda a uma criança que estaria visivelmente debilitada e com sinais de agressões, as autoridades poderão extrair deste processo, em que a mãe de Jéssica é vítima, uma certidão para apurarem se existiu negligência da mulher que não levou imediatamente a filha a um hospital. Além de Jéssica, a mulher tem mais filhos, mas só a mais nova viveria com ela e com o padrasto, que colaborou com as autoridades. Tanto o padrasto como a avó da menina garantiram que a mãe não tinha qualquer responsabilidade nos maus-tratos infligidos a Jéssica.

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