Escudos e espadas de madeira contra um Panzer
De autogolo em autogolo até à goleada. A música não era bem assim, mas quem vos escreveu perdeu o guião em Munique assim como Portugal.
O campeão da Europa silenciou o Allianz Arena aos 14 minutos. Após um início fortíssimo da Mannschaft, inclusive teve um golo anulado, a seleção portuguesa conseguiu marcar numa jogada de contra-ataque deliciosa: Bernardo conduziu e libertou na hora certa para Jota (que domínio de peito) e serviu Ronaldo que tinha iniciado a jogada na área nacional segundos antes.
Os alemães tiveram mais alma, qualidade e inteligência. A jogada habitual germânica era fácil de identificar: sempre que os defesas ou os médios tinham a bola, lançavam a velocidade de Gosens (ala/lateral-esquerdo). Era fácil de interpretar, mas aparentemente difícil de resolver.
E porquê? Porque quis ter bola e isso é meio caminho andado para os artistas brilharem. Sem o seu instrumento de trabalho, tornam-se como que invisíveis.
O resultado (4-2) até foi simpático para Portugal, tendo em conta o que se passou em campo. Apesar de tudo o que foi conquistado recentemente, ninguém está (nem deve estar) imune à crítica e ao escrutínio, especialmente quando não se joga com a coragem que o estatuto de campeão Europeu exige.
Ao contrário do que aconteceu no passado, hoje talvez nenhum filho de emigrantes de segunda e terceira geração se vai enrolar à bandeira nacional e gritar para toda a Munique o orgulho de ser português.