Lituânia ainda à procura da estabilidade económica

16 ago 2000, 12:26

O outro lado do adversário de Portugal A Lituânia, uma das repúblicas que saiu da desagregação da União Soviética, continua a tentar romper um ciclo de dificuldades há muito instalado. Perguntas e respostas sobre o país da selecção que defronta Portugal esta noite, onde o basquetebol é mais popular que o futebol.

Quanto custa um litro de gasolina na Lituânia? Quanto vale uma cerveja? E o salário mínimo será assim tão pequeno? Uma a uma, as perguntas tornam-se pertinentes e esbarram no país que hoje irá defrontar a selecção portuguesa no Estádio Municipal do Fontelo, em Viseu (19 horas). O Maisfutebol foi à procura da resposta para os muitos pontos de interrogação que se colocam em torno de um Estado ainda à procura da estabilidade económica, tão necessária para o desenvolvimento das suas infra-estruturas. 

Vamos por partes. Na Lituânia, antiga dependência da ex-União Soviética, o salário mínimo cifra-se em 22 contos, demasiadamente escasso para as necessidades. As pessoas são obrigadas a ter mais do que um emprego de forma a obterem um vencimento total capaz de superar os problemas mais básicos. Isto porque os preços são altos tendo em conta as remunerações. Por exemplo, um litro de gasolina custa 165 escudos, aplicando-se a mesma importância para uma simples cerveja. 

«Antes da queda do Muro de Berlim, também tínhamos dificuldades. Vivíamos sob uma ditadura e éramos perseguidos pelo KGB. Quem quisesse comprar um carro tinha de esperar cinco anos, porque a burocracia emperrava os processos. O Poder, sedeado em Moscovo, determinava o número de televisões ou de automóveis para vender em cada país da ex-União Soviética. E isto demorava muito tempo. O mercado não era livre e motivava a existência de corrupção», explicou, ao Maisfutebol, Vytaras Radzevicius. 

Medicina muito desenvolvida 

Mas antes da conversa prosseguir, o assessor da Imprensa da selecção da Lituânia quis sublinhar um aspecto: «Gostava que ficasse bem claro que o termo países de Leste não é uma definição geográfica, mas política». Fica a mensagem. No entanto, apesar das dificuldades, o nível cultural é significativo. As artes e a literatura são uma espécie de baluartes e a medicina está bastante desenvolvida. 

«Já no século XVIII, o nosso país tinha muitos conhecimentos no campo artístico e científico. Hoje em dia, temos muitos talentos, mas, infelizmente, não são conhecidos. O nível educativo sempre foi bastante elevado. Por exemplo, os nossos médicos são extremamente eficientes», destacou Vytaras Radzevicius. 

Basquetebol é a grande paixão 

Na Lituânia, o futebol alimenta poucas paixões, porque o basquetebol é a modalidade mais popular. Sempre foi assim. «Sabonis é o nosso grande ídolo e foi eleito recentemente o desportista do século», referiu, aludindo ao conhecido basquetebolista da NBA. No entanto, anos antes da queda do muro de Berlim, o desporto-rei estava quase ao nível dso basquetebol. O Zalgiris (Vilnius) rondava os lugares cimeiros do campeonato soviético e fornecia alguns jogadores à selecção da URSS, mas o fim da ditadura motivou a saída de muitos desses atletas para o estrangeiro. 

«Quando a Lituânia se tornou independente, o Zagiris (Vilnius) ficou sem dinheiro, um pouco à semelhança dos outros clubes. Nos últimos dez anos, o futebol desenvolveu-se muito pouco, ao contrário do basquetebol, que sempre teve outros meios. Basta reunir a simpatia das pessoas», referiu o assessor de Imprensa da selecção da Lituânia. 

Actualmente, a I Divisão é constituída por 10 equipas e todos os jogadores são profissionais. E, em média, ganham 220 contos por mês. «Não temos futebolistas caros», sorriu Vytaras Radzevicius, que aponta Luís Figo com um dos seus grandes ídolos, tão-somente o jogador mais valioso do Mundo. 

Empate frente à Dinamarca é o grande feito 

O grande feito futebolístico da selecção da Lituânia registou-se pouco tempo depois de a Dinamarca se sagrar campeã europeia, em 1992. O adversário de Portugal defrontou a equipa nacional de Peter Schmeichel e empatou a zero. Uma proeza que ainda hoje é recordada com saudade.  

Tempos depois, novo êxito. Na Irlanda do Norte, tornou a assinar um empate, mas desta vez com golos: dois para cada lado. Por fim, há dois anos, a Lituânia venceu a Eslovénia do nosso conhecido Zahovic, por 2-1. Agora, espera-se que não faça uma gracinha frente à selecção portuguesa, hoje à noite.

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