Figo recomenda concentração

23 jun 2000, 16:40

Número sete da selecção avisa sobre os riscos do jogo com a Turquia Por entre um bombardeamento de perguntas sobre o seu futuro, Figo insistiu no discurso cauteloso que tem marcado as declarações da selecção portuguesa. Desvaloriza as declarações do técnico turco, que considera Portugal a melhor equipa do Europeu, e diz que vai ser preciso ter concentração redobrada no jogo de amanhã.

Luís Figo continua a ser o alvo predilecto dos jornalistas estrangeiros que acompanham a selecção nacional. Em conferência de imprensa, antes do treino da tarde, o jogador português foi bombardeado com perguntas relativas ao seu futuro e, apesar de se afirmar unicamente concentrado no Europeu - «um objectivo importante para mim, para os meus companheiros e para o país» -, deixou transparecer alguma impaciência em relação aos dirigentes do Barcelona.  

«Isto começa a parecer um jogo de ténis: o presidente diz-me que já não pode decidir nada e diz-me para falar com os candidatos; estes afirmam que o único com legitimidade para decidir é o presidente. Assim, ninguém decide nada. Eu gosto tanto dos adeptos do Barcelona como estes de mim, mas os responsáveis do clube sabem o que se passa e se não mudarem alguma coisa também não posso ser eu a fazê-lo», diz Figo.  

Os rumores constantes que dão Figo como muito próximo da Lazio não foram desmentidos, apenas desvalorizados, numa fórmula que não fecha a porta à permanência no Nou Camp: «Estou tranquilo, há gente a tratar do meu futuro. Estaria mais preocupado se não tivesse contrato em vigor com um grande clube.» 

Concentração redobrada 

Relativamente ao jogo com a Turquia, Figo recorreu por várias vezes ao exemplo do sucedido no Euro-96: «Também aí ganhámos o nosso grupo e acabámos por ser eliminados, com surpresa, pela República Checa. Aprendemos aí que um jogo a eliminar exige uma concentração redobrada, já que o mínimo erro se paga muito caro e não há margem de recuperação. Também neste caso vai ser assim: quem cometer menos erros, ganha». 

O número 7 da selecção não atribuiu grande significado aos rasgados elogios do seleccionador turco: «Somos a melhor equipa da prova? É uma opinião, eu acho que a partir dos quartos-de-final não há favoritos. De qualquer maneira, falar é fácil...»  

Turquia não é uma Roménia mais acessível 

Um tema que serviu para definir o estado de espírito dos jogadores face à maré de aplausos conquistados após a primeira fase: «Todos estamos preparados para os elogios e as críticas. É um facto que a campanha tem sido brilhante, até ao momento. Mas, também por isso, não podemos agora deitar tudo a perder». 

Definindo o jogo com a Turquia como «uma primeira final», Figo recusa comparar as previsíveis dificuldades apresentadas pelos turcos com as colocadas pela Roménia, apesar de algumas semelhanças de estilo: «Podem pensar que a Turquia é uma Roménia mais acessível, eu não concordo. É uma equipa que coloca muitos jogadores atrás da linha da bola e sai muito bem para o contra-ataque, o que nos exige mais concentração. Mas se fosse uma equipa acessível não estaria na segunda fase de um Europeu».  

O apuramento da Turquia, por sinal, não surpreendeu o jogador português: «Não se pode falar de surpresa, tanto mais que falamos de um país cujo representante venceu a última Taça UEFA. Acreditem que a Turquia tem bons jogadores, fortes e tecnicistas, que dão tudo o que têm em campo».  

A concluir, Figo mostrou-se confiante na resposta física dos jogadores portugueses: «Muitos de nós, e eu incluo-me nesse grupo, tivemos uma época muito desgastante, com quase 60 jogos. Mas o certo é que temos de encontrar dentro de nós a força e a motivação para dar a melhor resposta numa competição deste tipo, o que tem acontecido. Pessoalmente, sinto-me muito bem».

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