António Oliveira: «Não é fácil ganhar duas vezes à Holanda»

27 mar 2001, 21:15

Seleccionador esconde o jogo O seleccionador nacional salienta que «as grandes equipas dificilmente perdem dois jogos em pouco tempo», mas prefere recordar que a pressão não está apenas do lado holandês. Quanto ao «onze» português, nenhuma pista. Apenas a certeza de que «nesta altura já não há dúvidas».

Uma equipa «sem nomes e sem números». É desta forma que o seleccionador nacional define o onze que quer ver em acção nas Antas, numa definição que remete para «a solidariedade, a humildade e o espírito de sacrifício». Conceitos que servem para sintetizar a vitória de Roterdão, sobre esta mesma Holanda, e nos quais Oliveira encontra a pedra de toque para tudo o que Portugal tem feito de positivo nesta campanha: «Foi esta solidariedade que nos permitiu ganhar na Holanda, e terá de ser essa mesma solidariedade a abrir-nos perspectivas de derrotar pela segunda vez em tão pouco tempo uma das melhores selecções da actualidade». 

Falando a seguir ao último treino, realizado perante os olhos de um milhar de espectadores, o seleccionador fintou as questões directamente relacionadas com o onze, embora assegurasse «não ter dúvidas sobre a equipa que vai jogar». A utilização de Costinha no meio-campo, ao lado de Paulo Bento, e de Litos no eixo da defesa, formando dupla com Fernando Couto, não foi assumida por António Oliveira, que no entanto salientou a filosofia de uma equipa que «tal como a Holanda, não muda a forma de jogar em função do adversário». 

«Vamos assumir a nossa identidade e apostar no que somos capazes de fazer, antes de pensarmos no que pode fazer o adversário. Temos 90 minutos para voltarmos a ser felizes», sintetizou. 

«Também estamos pressionados» 

Ao contrário de Figo e Fernando Couto, António Oliveira não considera que a pressão esteja essencialmente do lado holandês: «É-nos completamente indiferente a situação em que eles chegam a este jogo. Nós também estamos suficientemente pressionados pela vontade de ganhar em casa e assegurar a qualificação o mais cedo possível», destacou, antes de exibir a convicção de que «nada ficará decidido, seja qual for o resultado». 

Alertando para o facto de que as grandes equipas como a Holanda «dificilmente perdem dois jogos em pouco tempo», António Oliveira prefere destacar a qualidade dos jogadores que vão pisar o relvado das Antas: «É um punhado de estrelas ao mais alto nível internacional, e não há dúvida de que a inspiração vai ser uma das chaves do jogo, para lá das estratégias que possam ser utilizadas». 

Espicaçado pelos jornalistas holandeses a comentar o secretismo com que Van Gaal tem envolvido a preparação da selecção laranja, António Oliveira foi diplomático, antes de entrar directamente na análise ao adversário: «Somos fiéis à nossa metodologia e não sentimos necessidade de esconder coisas. De qualquer forma, no futebol quase tudo se sabe, não é possível guardar muitos segredos. Provavelmente a Holanda jogará no esquema habitual, embora possa apresentar mais um avançado como o fez com Andorra», concedeu. 

«Amanhã dou-vos os prognósticos...» 

Evitando a comparação directa com a equipa que perdeu em Roterdão, Oliveira admite «estar à espera de uma Holanda melhor. Mas vai ter pela frente uma selecção que também quer melhorar em relação ao último jogo, por isso os dados não vão ser muito alterados a esse nível». 

Desvalorizando as ausências de jogadores importantes na defesa, o seleccionador reconhece que «em condições normais qualquer um gostaria de ter Vítor Baía, Jorge Costa, Beto, Paulo Sousa entre outros. Mas isso não diminui nem um bocadinho a nossa confiança, e a convicção de que poderemos ganhar pela segunda vez à Holanda». 

A concluir uma conferência de imprensa em que falou o suficiente para disfarçar a quase total ausência de indicações concretas, Oliveira terminou com uma nota de boa disposição dirigida aos jornalistas: «O Van Gaal diz que quer ganhar o jogo. Eu também. Os jogadores deles querem ganhar o jogo. Os nossos também. Conhecem alguma maneira de resolver isto a bem? Não? Então falamos no fim do jogo, que então eu dou-vos os prognósticos todos...»

Seleção

Mais Seleção

Patrocinados