Fernando Santos: «Fisco? No fim, eu terei de receber, não é o Estado»

4 nov 2022, 23:04
Fernando Santos (HUGO DELGADO/LUSA)

Selecionador nacional abordou a acusação de fuga aos impostos em entrevistas

Fernando Santos abordou nesta sexta-feira, em entrevista à Sport TV, a acusação de fuga aos impostos.

O selecionador nacional acredita que a sua imagem está a ser prejudicada por algo de que não é culpado e mostra a convicção que isso será provado.

«As minhas convicções não saem abaladas. Mas que doeu, doeu. Que dói, dói. E dói porque ouvi muita mentira em relação a isto. No momento certo depois pensaremos no que vamos decidir em relação a estas questões», introduziu, lembrando o seu passado.

«Desde 1995 que eu tenho empresas porque sempre tive outras atividades além do futebol. Não nasci rico. Em relação a esta empresa, eu estava na Grécia, era residente habitual lá e podia ter criado a empresa lá, mas vim abrir em Portugal, a pagar todos os seus impostos cá. Não é uma empresa fantasma. Foi constituída para adquirir ações de uma empresa em Portugal. E foi isso que fez. É totalmente transparente», disse, abordando depois o que está a ser investigado pela Autoridade Tributária.

Em causa, estão os vencimentos de Fernando Santos na seleção nos anos de 2016 e 2017. E o técnico garante que pagou impostos duas vezes.

«Mais de 80 por cento dos vencimentos que foram pagos pela Federação em 2016 e 2017, estão na Autoridade Tributária (AT). Quem recorreu fui eu. Não foi a Autoridade Tributária que levou o Fernando Santos a tribunal ou a qualquer coisa», sublinhou, detalhando.

«Tendo em conta situação anteriores, com Paulo Bento e mesmo Carlos Queiroz, a FPF propôs que esse meu contrato fosse um contrato de prestação de serviços entre duas empresas. O que é perfeitamente legítimo. É legal, mesmo no âmbito fiscal. Mas a AT teve um entendimento diferente porque o contrato de prestação de serviços devia ser entre mim e a FPF e não a minha empresa e a FPF», explicou.

«Mas eu nunca fui acusado de fraude fiscal, nada. Só me disseram assim: “há aqui uma divergência, tu não devias pagar por aqui, tens de pagar por ali”. E nós pagámos. A minha empresa pagou o IRC e eu paguei IRS. Por isso é que disse que 80 por cento dos meus rendimentos estão na AT», continuou.

Fernando Santos sublinhou depois que o facto dos referidos rendimentos terem sido tributados duplamente – em sede de IRC e em sede de IRS – o obrigou a agir.

«Então, o que fiz? Recorri. Não me parece que algum português possa pensar em pagar 80 e tal por cento de imposto. Isso não me parece verdadeiramente legítimo. Por isso, fui ao CAAD [Centro de Arbitragem Administrativa] dizer: “Eu já paguei de dois lados, IRC pela empresa e eu o IRS. Digam-me lá como é que é porque eu é que sou o credor. Ou eu ou a minha empresa», refere.

Nesse sentido, Fernando Santos garante que é ele quem tem a receber do Estado e diz ter a certeza de que é isso que vai acontecer, uma vez que já avançou com ações legais no tribunal administrativo e irá fazê-lo também para o Supremo.

«Há uma coisa que eu sei: é que no fim eu vou ter de receber. Eu, não é o Estado. Alguma coisa tem de me ser devolvida. Eu já impugnei a decisão para os tribunais administrativos porque toda a gente me continua a dizer que é tudo normal, que é tudo legítimo. Irei também, esta semana, fazer o recurso para o Tribunal Supremo. E continuo absolutamente convencido de que estou certo. Seja qual for a decisão do Tribunal Administrativo, eu aceitarei. Mas há uma coisa que eu sei, ou eu, Fernando Santos, vou receber o IRS, ou a FEMACOSA vai receber o IRC. Porque o Estado já recebeu duas vezes», finalizou.

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