Uma única mutação é suficiente para tornar o vírus Zika mais perigoso, alertam cientistas

CNN Portugal , DCT
17 abr 2022, 18:57
Um mosquito Aedes aegypti conhecido por transmitir o vírus Zika, é fotografado através de um microscópio no instituto Fiocruz em Recife, no Brasil. (Foto AP/Felipe Dana, Arquivo)

Um estudo levado a cabo por cientistas norte-americanos alerta para a possibilidade de o vírus Zika se tornar mais perigoso. E basta uma mutação para que isso aconteça.

Uma simples mutação no vírus Zika é suficiente para que se torne mais infeccioso e grave. O alerta é dado por um estudo publicado na revista Cell Reports, que foi conduzido pelo Centro para Doenças Infecciosas e Pesquisa de Vacinas do Instituto para a Imunologia La Jolla em parceria com universidades norte-americanas.

Para chegarem a esta conclusão, os investigadores manipularam em laboratório as células do vírus Zika. Na prática, recriavam ciclos de infecção em laboratório, alternando as linhagens do vírus entre mosquitos e ratos. Depois, monitorizaram cada mutação nova e houve uma que captou logo a atenção dos cientistas, mas pela negativa: a mutação NS2B I39V/I39T mostrou ser mais virulenta e também mais perigosa quando cultivada em células humanas.

A experiência mostrou que a cepa manipulada é mais infecciosa e que apresenta um maior risco de absorção fetal, podendo aumentar os de defeitos congénitos em bebés que nascem de mães infetadas.

Parece provável que o vírus continue a evoluir de forma a aumentar a sua virulência ou transmissão”, lê-se no estudo. Além disso, os cientistas alertam que uma eventual mutação, por ser mais contagiosa, poderá colocar em risco populações onde há também um risco acrescido de dengue.

O estudo revela que “o vírus Zika pode se adaptar-se prontamente para aumentar a sua virulência, não apenas num hospedeiro ingénuo, mas também na presença de imunidade de proteção cruzada pré-existente contra o dengue”.

O vírus Zika é transmitido aos humanos após uma picada de um mosquito infetado do género Aedes, o mesmo que poderá causar dengue em pessoas. Este vírus foi responsável por uma epidemia acentuada nos países da América entre 2015 e 2016, embora tenha começado ainda em 2012 no Brasil. Até ao momento, não há ainda uma vacina para combater este vírus e os sintomas da pessoa infetada tendem a ser ligeiros ou imperceptíveis, estando o maior risco nos bebés cujas mães contraem o vírus durante a gestação, uma vez que há um maior risco de microcefalia.

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