Estrela do R&B, conhecido, entre outras músicas, pelo êxito "I believe I can fly", está acusado de liderar um esquema organizado de tráfico sexual e abuso sexual de menores e mulheres
R. Kelly, estrela internacional de R&B, acusado de vários crimes de abuso sexual de mulheres e jovens, pode enfrentar uma pena de prisão superior a 25 anos, pede a acusação. A sentença será conhecida no próximo dia 29 de junho.
A lista de crimes sexuais é longa e decorreu durante décadas. Uma das advogadas das vítimas, Gloria Allred, chegou a afirmar no ano passado que, de todos os predadores sexuais que acusou, incluindo Harvey Weinstein and Jeffrey Epstein, "o Senhor Kelly foi o pior".
O cantor norte-americano, agora com 55 anos, conhecido, entre outras músicas, pelo êxito "I believe I can fly", está acusado de liderar um esquema organizado de tráfico sexual e abuso sexual de menores e mulheres.
Depois de anos de impunidade, a formalização da acusação tornou-se num marco para o movimento #MeToo.
Os argumentos da acusação
A gravidade dos crimes perpetrados é a principal justificação para o pedido de, pelo menos, 25 anos de prisão.
Ao longo do processo judicial, inúmeros depoimentos relataram que o artista submetia as vítimas, muitas vezes menores, a caprichos perversos e sádicos. A acusação referiu em julgamento que Kelly usava a sua “fama, dinheiro e popularidade" para sistematicamente atrair e "atormentar crianças, jovens e mulheres para sua própria gratificação sexual".
"Ele continuou os seus crimes e evitou ser castigado durante quase 30 anos e deve agora ser responsabilizado", sublinharam os procuradores.
Entre as várias relações abusivas com menores está o casamento com a cantora Aliyah, em 1994. Na altura, Aliyah teria apenas 15 anos enquanto Kelly tinha 27 e receava tê-la engravidado. Foi descoberto, mais tarde, que a artista mentiu sobre a idade, escrevendo na certidão de casamento que tinha 18 anos. O casamento seria anulado em fevereiro de 1995.
Uma testemunha contou em tribunal que Kelly subornou um funcionário público para conseguir um cartão de identificação falso para Aliyah. A cantora morreu em 2001, com 22 anos, num acidente aéreo.
Os argumentos da defesa
A defesa de R. Kelly contesta a acusação de suborno do funcionário, afirmando que esse testemunho é falso.
Defende ainda que a pena máxima não pode ser superior a 17 anos e que os procuradores não têm fundamentos para a agravar. Um dos argumentos que apontam é o caso de uma das vítimas, a que o tribunal deu o nome de "Jane".
De acordo com a defesa, "os pais de Jane ordenaram que mentisse ao arguido acerca da sua idade e depois encorajaram-na a seduzi-lo".
Já a acusação defende que o caso de "Jane" é um dos exemplos da atuação do agressor. Os pais da menor confiaram em Kelly para que ajudasse a filha na sua carreira musical e o cantor usou essa posição para abusar sexualmente dela.