As melhores opções, segundo especialistas
A sua popularidade é indiscutível. Os americanos consumiram mais de 17 quilos de queijo per capita, só em 2021, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA.
Se comer queijo é saudável... isso já não é tão claro.
Rico em proteínas, cálcio, vitaminas e aminoácidos essenciais, o queijo é também um alimento muito calórico e com elevado teor de gorduras e sódio.
"Se gosta de queijo, pode ser uma boa fonte de proteínas. E de cálcio. Mas deve comê-lo com moderação, porque pode rapidamente aumentar o número de calorias", disse à CNN Lourdes Castro Mortillaro, nutricionista e diretora do NYU Food Lab.
A proteína encontrada no queijo é uma boa alternativa à proteína da carne, porque também é de origem animal e contém todos os aminoácidos essenciais que o corpo necessita, mas que não consegue sintetizar por si próprio, sublinhou Castro Mortillaro.
Isto faz do queijo uma proteína completa, acrescentou.
No entanto, como em todas as coisas relacionadas com a nutrição, é o equilíbrio geral do que se come diariamente que deve determinar a quantidade de queijo que se consome, explicou.
"Temos de ver as coisas no contexto do que está a acontecer na nossa vida - e o que mais estamos a pôr no prato? Não é preciso muito para tirar o melhor partido da situação."
Qual é o queijo mais saudável? A resposta depende do seu corpo e das suas necessidades nutricionais, mas aqui ficam algumas dicas dos especialistas.
Ricota, o campeão
Tanto Castro Mortillaro como Emily Martorano, nutricionista do programa de controlo de peso da NYU Langone, concordam que o ricota é o vencedor no que respeita à saúde.
O nome deste queijo significa "cozinhado de novo" e, segundo Castro Mortillaro, o ricota autêntico é produzido através do tratamento do soro de leite que sobra após a coagulação do leite (como o leite de ovelha) para produzir queijo (como o pecorino).
O ricota tem uma elevada concentração de proteínas de soro de leite, que são facilmente absorvidas pelo organismo.
"A proteína de soro de leite é uma das formas de proteína mais absorvíveis e contém uma grande variedade de aminoácidos", indicou Martorano. "Por isso, esta é a melhor aposta para quem procura ganhar músculo e força e, ao mesmo tempo, perder gordura e peso."
Castro Mortillaro salientou também as potenciais vantagens do ricota em termos de sustentabilidade, uma vez que utiliza subprodutos que sobram da produção do queijo.
"Isto é muito toscano", acrescentou.
Queijo duro (com cautela)
Castro Mortillaro acredita que os queijos mais duros, como o parmesão, o pecorino ou o gouda, também estão entre as opções mais saudáveis, se consumidos com moderação.
Por conterem menos água e serem mais concentrados, "os queijos duros são mais ricos em cálcio e, provavelmente, vai ficar mais satisfeito com quantidades mais pequenas, pelo que tenderá a não os consumir em excesso", observou.
No entanto, por serem mais concentrados, os queijos mais duros também podem ter um teor de sódio mais elevado do que os queijos mais macios.
"Se é hipertenso e precisa de controlar a ingestão de sódio, ou se tiver problemas renais, é melhor optar por um queijo mais macio ", disse Castro Mortillaro.
O melhor queijo para controlo do peso
Se está a controlar o seu peso, as proteínas são o mais importante. Elas mantêm-no saciado durante mais tempo e ajudam-no a ganhar músculo.
Os queijos com elevado teor de proteína e baixo teor de gordura são uma boa escolha para quem quer controlar o peso, apontou Martorano.
Uma boa maneira de determinar quais os queijos que se enquadram nesta categoria é considerar um rácio de 1:10 de proteínas para calorias, de acordo com Martorano.
"Por cada 100 calorias, deve haver pelo menos 10 gramas de proteína, o que lhe dirá se é uma boa fonte de proteína e, por sua vez, um queijo mais saudável", esclareceu.
Com base nisto, alguns dos queijos que recomenda são o queijo suíço light, o cheddar light e o ricota.
Queijos a evitar
Se possível, evite queijos altamente processados, incluindo enlatados, embalados individualmente e os que nem sequer precisam de ser refrigerados.
"O queijo em bisnaga, o queijo americano e até o queijo creme fornecem um mínimo de proteínas para um teor de gordura e sódio muito mais elevado ", alertou Martorano.
Algumas das variedades de queijo processado nem são tecnicamente classificadas como "queijo" pelo regulador norte-americano, a Food and Drug Administration, mas como "alimentos de queijo processado pasteurizado" ou "produtos de queijo processado pasteurizado", dependendo da percentagem real de queijo que contêm, juntamente com outros ingredientes.
De acordo com Martorano, "fresco é sempre melhor".
As tendências alimentares vão e vêm, e Castro Mortillaro lembra-se da "fase sem gordura" dos anos 90 e do início dos anos 2000.
"Tínhamos queijo e maionese sem gordura, e todo este tipo de coisas, e era tudo altamente processado."
Castro Mortillaro acredita que, a menos que o seu objetivo específico seja perder peso, o queijo gordo deve ter lugar na sua dieta.
"É melhor consumir uma quantidade menor de algo mais saudável, se estiver nessa categoria neutra, e apreciá-lo", disse.
Alguns queijos também podem ser uma boa fonte de probióticos, indicou Martorano, que apontou o feta, o queijo de cabra e o queijo feito com leite cru ou não pasteurizado como ótimas escolhas.
No entanto, as variedades de queijo artesanal podem ser caras.
"Nem toda a gente pode dar-se ao luxo de comprar os queijos mais sofisticados. Quanto aos queijos embalados, todos são bons com moderação", considerou Martorano.
Moderação em tudo
Tanto Emily Martorano como Castro Mortillaro defendem que é melhor pensar no queijo como um acompanhamento e não como uma refeição.
"Em vez de usar o queijo como a principal fonte de nutrientes, ele é na realidade um acompanhamento", sublinhou Martorano.
"Se combinarmos o queijo com outro alimento - um vegetal, um cereal integral - é isso que tornará a refeição mais satisfatória e completa", explicou.
Martorano sugeriu que o ricota ao pequeno-almoço, acompanhado de aveia e fruta, poderá ser um início de dia saudável.
Um lanche com queijo suíço e legumes, ou uma bolacha integral, também será uma boa ideia, propôs.
Em última análise, a menos que existam preocupações específicas que tenha de ter em conta, o queijo mais saudável é o seu queijo favorito, apreciado com moderação e como um delicioso deleite ocasional.
“Resumindo, se tem um queijo favorito e quer consumi-lo com moderação, faça-o. Por isso, escolha sempre o que mais gosta”, defendeu Martorano.