Poluição do ar afeta qualidade do esperma, avança estudo

18 fev 2022, 09:36
Espermatozóides (Getty Images)

Investigação sugere que quanto menor for o tamanho das partículas poluentes, maior também será a ligação à má qualidade do sémen

Os níveis de poluição do ar podem afetar a qualidade do sémen. As conclusões são de um novo estudo, que analisou o esperma de 30 mil homens, na China.

A investigação foi publicada esta quinta-feira na revista JAMA Networks e sugere que quanto menor for o tamanho das partículas poluentes no ar, maior também será a ligação à má qualidade do sémen. Os investigadores acreditam, assim, que esta é mais uma das razões para alertar para a necessidade de reduzir a exposição de homens em idade reprodutiva à exposição da poluição do ar.

Este não é o primeiro estudo a desenvolver a possibilidade da poluição do ar afetar a qualidade do esperma, mas as pesquisas anteriores nem sempre foram claras e tão específicas. De acordo com um estudo publicado em dezembro de 2021, a poluição afeta negativamente a fertillidade de toda a população, no geral.

O estudo

A investigação levada a cabo pelos especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Tongji, em Xangai, analisou um total de 33.876 homens, de 340 cidades chinesas diferentes.

A idade média dos inquiridos era de 34 anos e todos tinham um grau variado de exposição à poluição do ar. Todos tinham também sido pais através de tratamentos de fertilidade, entre os anos de 2013 e 2019.

Os cientistas tentaram perceber se os participantes tinham sido expostos a quantidades de partículas menores que 2,5 e dez micrómetros. Por forma a identificar a qualidade do sémen, foram tidos em conta fatores como a contagem de espermatozóides, a concentração do esperma e a mobilidade dos espermatozóides, isto é, quantos estão ativos por cada ml de esperma e qual a sua capacidade de "nadar".

Embora não tenha sido possível estabelecer uma ligação significativa entre a poluição do ar e a qualidade do esperma em termos de contagem ou concentração de espermatozóides, os investigadores identificaram que, quanto mais os homens estavam expostos a partículas menores, maiores eram os danos para o esperma.

"A possibilidade de uma ligação entre a poluição do ar e a qualidade do sémen já foi sugerida em vários estudos ao longo dos anos, porém nem todos concluíram o mesmo. Correlação não é causalidade, e faltam dados como a morfologia, forma e tamanho do esperma", adiantou Allan Pacey, professor da Universidade de Sheffield, que não participou na pesquisa e veio explicar que a falta destes dados impossibilita perceber se a poluição pode ser responsável pela deformação do esperma ou se haverá outros motivos.

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