Para o secretário-geral do PSD, “um Governo que não assume a sua responsabilidade, perde confiabilidade e fragiliza a sua autoridade e credibilidade”
O secretário-geral do PSD afirmou esta quinta-feira que o partido se revê na leitura feita pelo Presidente da República da situação política, respeita as conclusões do chefe de Estado e avisa que culpa de instabilidade será do Governo.
“É muito importante que os portugueses saibam que, se o calendário eleitoral vier a ser antecipado em Portugal, ou seja, se as eleições vierem a ser antecipadas e se houver instabilidade política, deve-se única e exclusivamente ao primeiro-ministro e ao Governo”, acusou Hugo Soares.
O secretário-geral PSD reagia, na sede nacional, à declaração ao país do Presidente da República, que assinalou que irá retirar ilações do episódio protagonizado pelo ministro João Galamba, mas afirmou que procurará manter a estabilidade política.
“Entre aquela que foi a leitura do primeiro-ministro e aquela que é a leitura do Presidente da República sobre a situação política em Portugal, o PSD não tem dúvidas: revê-se na leitura do Presidente da República”, afirmou.
Para o secretário-geral do PSD, “um Governo que não assume a sua responsabilidade, perde confiabilidade e fragiliza a sua autoridade e credibilidade”.
“No PSD respeitamos as conclusões a que o senhor Presidente da República chegou e dizemos que é necessário de facto um reforço da vigilância sobre este Governo”, defendeu.
Questionado se o Governo e o ministro das Infraestruturas devem tirar outras conclusões da declaração ao país de Marcelo Rebelo de Sousa, o secretário-geral do PSD lembrou que, na quarta-feira, o presidente do partido, Luís Montenegro, considerou que, na carta de demissão que enviou ao primeiro-ministro, João Galamba já tinha “apresentado todas as razões” para deixar o Governo.
“O Presidente da República foi claro, apelou até à sensatez, o ministro João Galamba está sempre a tempo de sair do Governo, mas aparentemente o primeiro-ministro continua a não querer”, disse.
O dirigente social-democrata rejeitou, por outro lado, que o PSD tenha de acelerar o seu calendário interno.
“O PSD não tem de acelerar nem desacelerar o seu calendário interno, o PSD disse e repete que é pela estabilidade política, se houver eleições é pela inércia e falta de confiança do Governo e está preparado para eleições quando elas tiverem de acontecer”, disse.
Na declaração ao país, o chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem efeitos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".
Na terça-feira à noite, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha manifestado a sua discordância em relação à decisão do chefe do Governo, António Costa, de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas, afirmando através de uma nota escrita que "discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem" e realçando que "não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro".
Nos últimos dias, o ministro das Infraestruturas esteve envolvido em polémica com o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro, que demitiu na quarta-feira, sobre informações a prestar à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.
O caso envolveu denúncias contra Frederico Pinheiro por violência física no Ministério das Infraestruturas e furto de um computador portátil, depois de ter sido demitido, e a polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) na recuperação desse computador.