Depois da contagem de espingardas, socialistas começam a votar para escolher sucessor de António Costa

15 dez 2023, 08:00
António Costa (Lusa/ Tiago Petinga)

Urnas socialistas abrem esta sexta-feira, para dois dias de votações. Sucessor de António Costa na liderança do PS será conhecido este sábado. Pedro Nuno Santos é apontado como o favorito. Depois desta corrida interna, começa outra: a das legislativas de 10 de março, com o cargo de primeiro-ministro no horizonte

Cerca de 60 mil militantes do Partido Socialista, bem com parte dos militantes da Juventude Socialista e simpatizantes desta força política iniciam esta sexta-feira o processo de escolha do próximo secretário-geral, sucessor de António Costa.

No boletim de voto, vão encontrar três nomes: Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro e Daniel Adrião. Contudo, espera-se que a disputa seja mais intensa entre os dois primeiros. Ao longo das últimas semanas, segundo vários socialistas ouvidos pela CNN Portugal, a clara tendência de escolha recaía sobre Pedro Nuno Santos.

Nesta sexta-feira votam as federações da Área Urbana de Lisboa, Aveiro, Bragança, Castelo Branco, Évora, Guarda, Leiria, Portalegre, Oeste, Setúbal, Viana do Castelo e Vila Real. O candidato Pedro Nuno Santos votará neste dia em São João da Madeira.

No sábado é a vez das federações do Algarve, Baixo Alentejo, Braga, Coimbra, Porto, Santarém, Viseu, Açores e Madeira. Neste dia à tarde, em Baião, votará José Luís Carneiro.

Além de eleger o secretário-geral do partido, o sufrágio tem como objetivo apurar os cerca de 1.400 delegados para o próximo Congresso Nacional do partido, de 5 a 7 de janeiro, que irão votar as moções estratégicas e determinar a composição dos órgãos do partido.

As urnas encerram no sábado às 22:00. A perspetiva é de que cerca de duas horas depois, a Comissão Organizadora do Congresso, liderada por Pedro do Carmo, torne públicos os resultados. Os candidatos estarão a postos para reagir aos resultados logo de seguida.

A federação do Porto tem o maior número de eleitores, seguida pelas federações de Braga e da Área Urbana de Lisboa (FAUL).

(Lusa)

Contagem de espingardas: apoiantes de cada lado

Ao longo das últimas semanas, as duas principais candidaturas apostaram forte na campanha presencial, mas também na contagem de espingardas, revelando listas de apoiantes.

Do lado de Pedro Nuno Santos, conta-se com o apoio de 16 presidentes de federações. Juntam-se seis ministros: Duarte Cordeiro, Manuel Pizarro, João Costa, Marina Gonçalves, Maria do Céu Antunes e Ana Abrunhosa. E muitos nomes fortes do partido, incluindo históricos e ex-governantes como Manuel Alegre, Carlos César, Francisco Assis, Ana Gomes, Edite Estrela, Sérgio Sousa Pinto, André Pinotes Batista, João Cravinho, Alberto Martins, Alexandra Leitão, Eduardo Cabrita, João Soares, Jorge Delgado, Ascenso Simões, Miguel Prata Roque, Ricardo Pinheiro, Elza Pais ou Hugo Pires.

E uma grande fatia dos deputados socialistas, incluindo Filipe Neto Brandão, Miguel Matos Costa, Maria Begonha, Isabel Moreira, Pedro Delgado Alves, Ivan Gonçalves, Carlos Pereira, Alexandre Quintanilha, André Pinotes Batista, Bruno Aragão, Francisco César, Joana Sá Pereira, João Torres ou Tiago Barbosa Ribeiro.

Por José Luís Carneiro alinham o líder parlamentar Eurico Brilhante Dias, o presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva ou o ministro das Finanças Fernando Medina. Mas há outros nomes de peso no partido: José Vieira da Silva, André Moz Caldas, Inês de Medeiros, Jorge Lacão, Capoulas Santos, Miguel Coelho, Maria da Luz Rosinha, Susana Amador, Lacerda Sales, Carlos Zorrinho, Adalberto Campos Fernandes, Berta Nunes, Constança Urbano de Sousa, Jamila Madeira, Aarons de Carvalho, Correia de Campos. Ou Tony Carreira, amigo pessoal do candidato.

António Costa, na entrevista à TVI/CNN Portugal, não assumiu um favorito. “Qualquer um deles é melhor que o líder da oposição”, garantiu apenas.

Campanha: críticas e bastidores

Os candidatos tiveram oportunidade de expor as suas ideias nas mais diferentes áreas. Mas há uma que foi mais recorrente: o cenário de governabilidade caso não seja possível uma maioria absoluta. E se Pedro Nuno Santos “não fecha a porta” à reedição de uma geringonça à esquerda, negociando com o Bloco de Esquerda e PCP, esse cenário parece algo com que José Luís Carneiro não está tão confortável. Ao contrário do rival, Carneiro diz não “demonizar” o centro político.

A campanha acabou marcada por críticas de parte de parte. A Pedro Nuno apontam o radicalismo ou uma “retórica plástica”, a Carneiro lamentam que se tenha focado no ataque ao rival interno, usando argumentos da direita. Numa campanha interna que se fez contra o tempo, os militantes, independentemente do lado que assumem, insistem numa ideia de união logo no dia a seguir a ser conhecido o vencedor. Neste artigo, contámos-lhe parte dos bastidores de duas campanhas que foram preparadas a partir do mesmo local, a sede do partido no Largo do Rato.

Se Pedro Nuno Santos, sempre foi visto como um potencial sucessor de António Costa, o mesmo não se pode dizer de José Luís Carneiro, cuja candidatura acabou por criar alguma surpresa dentro do PS. Neste artigo, explicámos como o ex-ministro das Infraestruturas conseguiu granjear a simpatia da maioria dos socialistas ao longo dos últimos anos e como o opositor, que é atualmente ministra da Administração Interna, também preparou a sua corrida para o cargo máximo do partido.

(Lusa)

As moções

Um dos momentos-chave desta campanha foi a revelação das moções de Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro. No mesmo dia ficou claro o que aproxima e separa os dois candidatos no seu pensamento para o país nas mais diferentes áreas. É nelas que ficam claras posições relativamente a impostos, pensões, reposição do tempo dos professores, apoio a empresas, reforço do SNS ou combate às alterações climáticas.

Pedro Nuno Santos teve a ex-ministra Alexandra Leitão a coordenar a moção, trabalhando de perto com um nome de grande confiança do candidato, o deputado Pedro Delgado Alves. Por sua vez, Carneiro confiou num conselho estratégico de que faziam parte Vieira da Silva, Capoulas Santos, Moz Caldas, Carlos Zorrinho, Jamila Madeira, Jorge Lacão, Luís Parreirão ou Maria Antónia Almeida Santos.

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