Roger Waters investigado por usar fato inspirado em uniforme nazi num concerto em Berlim

26 mai 2023, 15:32
Roger Waters usa fato inspirado em uniforme nazi em Berlim (Foto via Twitter)

Autoridades alemãs abriram uma investigação depois de Roger Waters, fundador dos Pink Floyd, ter vestido um casaco preto comprido com uma braçadeira vermelha, fingindo disparar com uma arma falsa durante um espetáculo na capital alemã

O músico Roger Waters, um dos fundadores dos Pink Floyd, está a ser investigado pela polícia alemã, por ter usado um fato inspirado num uniforme nazi e ter fingido disparar uma metralhadora falsa durante um concerto em Berlim, no passado dia 17 de maio. 

Segundo relatos na imprensa internacional, o cantor e baixista britânico foi filmado a usar um casaco preto comprido e uma braçadeira vermelha com o desenho de dois martelos cruzados, em vez de cruzes suásticas, enquanto disparava com a arma falsa numa espécie de paródia entre canções. Imagens do momento foram partilhadas nas redes sociais e fizeram estalar a polémica. Waters mostrou ainda, em letras grandes no cenário do palco da Mercedes-Benz Arena, o nome de Anne Frank, a adolescente alemã de origem judaica que morreu no campo de concentração nazi de Bergen-Belsen.

Na Alemanha, existem regras rígidas para a utilização de símbolos nazis. Um infrator pode incorrer numa pena até três anos de prisão.

À Sky News, o inspetor-chefe da polícia de Berlim, Martin Halweg, confirmou que as autoridades iniciaram uma investigação criminal por suspeita de "incitação" ao ódio público. 

 

"O contexto dos figurinos usados em palco, provavelmente, perdoa, glorifica ou justifica a ditadura nazi e as regras arbitrárias, de uma forma que viola a dignidade das vítimas e, portanto, perturba a paz pública", disse Halweg. "Todas as provas incriminatórias ou de ilibação serão recolhidas para uma investigação preliminar", acrescentou. Será considerada uma eventual acusação depois de a polícia concluir a sua investigação ao ocorrido. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, criticou Waters no Twitter, acusando-o de passar uma noite em Berlim - "sim, Berlim", sublinhou - a profanar a memória de Anne Frank e dos seis milhões de judeus mortos no Holocausto.

O grupo ativista StopAntisemitism também acusou o fundador dos Pink Floyd de denegrir o homicídio de Anne Frank, congratulando-se com a abertura da investigação das autoridades alemãs.

Fãs de Roger Waters defenderam o músico garantindo que tudo não passou de uma paródia: a recriação de uma cena do filme dos Pink Floyd de 1982, "The Wall", baseado no álbum homónimo da banda. No filme, um personagem, interpretado pelo cantor Bob Geldof, imagina que é um ditador fascista e usa como símbolo dois martelos cruzados.

Não é a primeira vez, porém, que Roger Waters é acusado de antissemitismo, ainda que o cantor se defenda dizendo que recorre a símbolos nazis para criticar os fascistas e mostrar que é muito fácil que a política populista evolua para o fascismo.

No início de maio, disse mesmo numa entrevista, no podcast da comediante norte-americana Katie Halper, que a ideia de não se poder vestir um uniforme nazi é "ridícula", condenando o antissemitismo e o racismo "sem reservas".

As autoridades de Frankfurt, porém, tentaram cancelar o concerto de Roger Waters agendado para o próximo domingo, 28 de maio, numa tentativa de "dar o exemplo contra o antissemistismo". O músico recorreu e acabou por vencer em tribunal, pelo que o espetáculo vai mesmo realizar-se.

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