"Identidade e Família": Passos Coelho revê-se em "muitas das perspetivas" de livro polémico e ficou "muito satisfeito" por ver Ventura na apresentação

8 abr, 19:11
Pedro Passos Coelho na apresentação do livro "Identidade e Família" (Manuel de Almeida/Lusa)

O ex-primeiro-ministro apresentou esta segunda-feira um livro escrito por 24 personalidades que se dedica à temática da família. Passos Coelho admitiu rever-se em algumas perspetivas

“As políticas públicas muitas vezes desconsideram a família e isso não é bom”. É o que diz o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que apresentou esta segunda-feira um novo livro que encontra na família o seu protagonista e que está a causar polémica.

“Uma coisa são os autores, outra são as pessoas que fazem apresentação, mas posso dizer que li o livro e que me revejo em muitas das perspetivas que aqui estão, embora sejam muito diversas”, começou por garantir à chegada à livraria Buchholz, em Lisboa. A obra sublinha que a família é “a única, universal e intemporal” de todas as sociedades humanas.

Para Passos Coelho, a família enfrenta hoje em dia “muitos desafios”. “A família nem sempre é considerada nas políticas públicas. As políticas públicas muitas vezes desconsideram a família e isso não é bom”, avisou. Neste sentido, o ex-primeiro-ministro garantiu que o livro e a sua "abordagem diversificada" é “útil” por incentivar à “discussão pública”. "Quando queremos discutir as coisas com seriedade, temos de tomar as diversas visões e discuti-las com espírito aberto e tolerante", acrescentou.

E é essa a sua função. “A minha função é chamar a atenção para matérias que aqui são tratadas, que devem merecer o espaço público, da discussão pública.  Foi nesse sentido que aceitei o convite”, admitiu, depois de se ter demarcado ao distinguir os autores do apresentador. 

O ex-primeiro-ministro garantiu também que o “espaço público está dominado por caricaturas”, o que o “impressiona” e no qual a comunicação social "não deve insistir". “Muitas vezes colam-se demasiado rótulos às coisas, não por uma questão de simplificação, mas há hiper simplificações que são feitas com o objetivo próprio - o de agredir, desqualificar, diminuir”, acusou.

Passos Coelho sublinhou ainda a importância de se manterem “espaços de racionalidade” na sociedade e descartou uma possível exclusão dos novos conceitos de família pela obra que esta segunda-feira apresenta. “O conceito foi evoluindo ao longo dos tempos, é a realidade que se impõe. Isso não significa que não deva haver lugar a uma certa idealização dos conceitos e que não possamos ter um ideal de família", disse,  questionado a exclusão dos novos conceitos de família no livro.

"Eu sou hoje aquilo a que se chama um pai solteiro, aconteceu assim - não foi uma coisa que tivesse desejado. Há muitas pessoas que são mães solteiras e pais solteiros, mas dificilmente isso corresponde aquilo que nós chamamos uma idealização do conceito da família", acrescentou.

Quando questionado sobre a presença de André Ventura, o líder do Chega, na sessão, o ex-primeiro-ministro garantiu não ter conhecimento prévio de tal. Se ficou satisfeito? "Fico muito satisfeito por ele estar cá como estou com muitos outros que aqui estão", disse.

Com coordenação de António Bagão Félix, Paulo Otero, Pedro Afonso e Victor Gil, “Identidade e Família - Entre a consistência da tradição e as exigências da modernidade” está à venda desde o dia 12 de março. Conta com textos de 24 personalidade que se têm debruçado sobre a temática da família, como ex-primeira-dama Manuela Ramalho Eanes, do cardeal Manuel Clemente, do antigo presidente do CDS José Ribeiro e Castro, da advogada Raquel Brízida Castro e do diretor do jornal O Século, Jaime Nogueira Pinto.

Nele são apresentados os “adversários” da família: a “escola pública”, as “posições radicais e mediaticamente potenciadas” e ainda “a chamada ideologia de género”.

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