Champions: o que fica dos quartos de final

21 abr 2017, 10:04
Mónaco elimina Dortmund (Reuters)

O Real Madrid quer repetir o ano passado, o Atlético vai fazendo o seu caminho e tem na cabeça o título que fugiu duas vezes, a Juventus confirmou que é candidato e o Mónaco de Jardim entusiasma e está na meia-final com mérito. Escreve Pedro Barbosa

Estão encontrados os quatro semifinalistas da Champions. Acabaram por ser os esperados, face aos confrontos da primeira mão. De uma forma simples, em relação aos vencedores podemos dizer que o Real Madrid quer repetir o que fez o ano passado, o Atlético vai fazendo o seu caminho e já está na segunda meia-final consecutiva e na cabeça está o título que fugiu duas vezes, a Juventus confirmou que é candidato e o Mónaco de Jardim entusiasma e está na meia-final com mérito.

Aos que saíram derrotados uma palavra para todos eles, começando pelo Leicester que terminou o sonho mas fica uma uma história bonita para contar. Para o Borussia Dortmund, que tem um jogo que dá gosto ver mas que neste segundo jogo não foi capaz de estar ao melhor nivel, o Bayern de Munique, que sai com a sensação que tudo podia ser diferente se continuasse com 11 em campo e por último um dos fortes candidatos que morava em Barcelona e não demonstrou a qualidade que tem e que se impunha para levar de vencida o forte campeão italiano.

Mas vamos aos jogos. Começando pelo que se realizou no King Power Stadium, o Atletico de Madrid cumpriu o que se esperava. Sai ao fim dos 90 minutos com a segunda meia-final consecutiva mas ainda sofreu,  nomeadamente na segunda parte.

O golo aos 26m de Saul Niguez tornou tudo mais fácil mas a mudança operada por Craig Shakespeare ao intervalo mudou a tendência do jogo, com Ulloa na frente para o jogo direto e o jovem Chilwell na esquerda. O Atlético fechou linhas, defendeu baixo e o Leicester foi atrás do golo que surgiu aos 61 minutos pela sua estrela maior, Jamie Vardy. O empate fez sonhar o King Power Stadium e os seus adeptos  e o entusiasmo e a pressão aumentou mas o resultado não se alterou até final.

O actual campeão inglês despede-se da Champions com um registo de 3 derrotas em 10 jogos, com o dever cumprido e excedendo as expectativas. Fica a aventura e a história para recordar dos homens de Leicester, que tiveram uma vez mais o Atlético de Madrid pelo caminho.

Simeone continua a fazer um enorme trabalho e leva o seu Atlético à terceira meia-final em 4 anos e com certeza o pensamento está em Cardiff.

Em Madrid jogava-se um dos jogos grandes, que ficou marcado por diversas situações e foi o único que disputou um prolongamento.

O Bayern entrou com vontade, mostrou qualidade, pressionou, teve bola mas não marcou e o Real equilibrou a contenda a partir dos 20 minutos,  também sem marcar. O 0-0 ao intervalo não mostrava o que se tinha jogado.

A segunda parte teve golos e incerteza no resultado e o prolongamento chegou com o Bayern, já com 10 por expulsão de Vidal, a revelar fragilidades . O comboio do Real foi mais forte, com Ronaldo na dianteira.

Algumas notas individuais.

Ronaldo voltou a ser figura com o hat trick. Cinco golos ao Bayern nos quartos de final é apenas para os eleitos e o avançado português volta a fazer história.

Marcelo foi dos melhores e, apesar de defender mal, destacou-se pela profundidade pelo corredor, pela dinâmica que deu ao jogo da equipa e pela capacidade para desequilibrar em alguns momentos do jogo.

Robben foi um perigo à solta com a bola colada ao pé, encarando o adversário nos característicos movimentos interiores.

Xabi Alonso diria que sabe quase tudo do jogo e acredito que possa estar ali um grande treinador no futuro (veremos o que vai fazer). Apesar de não ter sido um jogo muito feliz para ele, falhou varios passes e perdeu bolas que não é normal, foi o seu último jogo na Liga dos Campeões e a forma como foi ovacionado quando saiu aos 76m foi o reconhecimento de um dos melhores médios da sua geração.

O outro adeus da Liga dos Campeões é de Philipe Lahm, que vamos deixar de ver com a braçadeira no braço e a camisola do Bayern. O pequeno grande jogador foi dos melhores e vamos sentir falta destes dois jogadores nas noite europeias.

No principado do Mónaco, o Borussia Dortmund entrou no Stade Louis II com a esperança de estar presente na meia-final. A equipa de Jardim queria ser ela a protagonista e o início do jogo não deixou margem para duvidas. O jovem Mbapé marcou aos 3 minutos e Falcão aos 16 e podíamos dizer que a eliminatória estava decidida.

Tuchel teve de mexer e lançou Dembele aos 26 minutos, para mim uma surpresa não estar no onze. Houve melhorias e o jovem francês fez renascer a esperança com uma jogada brilhante aos 48m, onde assistiu para golo o regressado Reus. Mas esta equipa de Jardim aguentou e matou o jogo com Germain, que entrou aos 81m e na primeira vez que tocou na bola marcou.

O Mónaco está com mérito e com um enorme trabalho de Leonardo Jardim na meia-final da Champions. O treinador português trabalhou muito bem esta equipa maioritamente jovem,  pontuada com a experiência de um jogador em cada sector. O polaco Glik na defesa, Moutinho no meio campo e Falcão na frente.

O resto são jovens com muita qualidade, a começar por Bernardo Silva, e a capacidade física de todos eles impressiona, desde Mendy e Touré nas laterais que estão sempre a dar solução, de Bakayoko que impõe respeito nos duelos do meio campo (falta ainda Fabinho), de Lemar que acelera no corredor esquerdo e do mais novo de todos, de seu nome Mbappé, que aos 18 anos se prepara para ser uma das maiores transferencias do Verão.

O Dortmund, apesar da qualidade do seu jogo e das combinações constantes e da capacidade para colocar 4/5 ou 6 jogadores na área adversária, não fez um jogo consistente e capaz de ser superior.

Fica a nota positiva para Sokratis, que se mostrou muito seguro e fez um bom jogo e pela negativa para Aubameyang, de quem se esperava muito mas que esteve escondido do jogo.

Por último, em Camp Nou os adeptos do Barcelona encheram o estádio e esperavam a remontada... novamente.

De que forma?

Desde logo com uma entrada forte, pressionante à imagem do jogo com o PSG, era o que se esperava.

Nada disso aconteceu.

No início do jogo vimos uma Juventus personalizada, a pressionar no meio do campo do Barcelona, não lhe dando tempo para iniciar da forma como mais gosta.

A Juventus não foi só defender o resultado, alternando momentos de pressão com momentos de ter as linhas juntas no seu meio-campo.

Do lado do Barça esperava-se muito mais para quem tinha uma desvantagem de três golos mas a verdade é que faltou inspiração para encontrar as soluções para entrar naquele bloco italiano.

As novidades Jordi Alba e Busquets no onze inicial foram importantes e fizeram a meu ver um bom jogo, com o lateral a ser solução no lado esquerdo e a controlar a velocidade de Cuadrado e o médio espanhol a ser o garante do equilíbrio e da saída com bola. E como fez falta em Turim.

O que é certo é que esperava-se que o trio MSN estivesse em grande e resolvesse. Não aconteceu.

Neymar bem tentou mas foi complicativo e exagerou nas fintas e o resultado final foi quase nulo.

Suarez luta e trabalha muito mas ficou emparedado entre Chiellini e Bonucci e não teve oportunidade para brilhar. Messi tentou mas nada saiu bem e o rendimento foi abaixo do esperado.

Nem um golo para fazer sonhar os seus adeptos, e como eles puxaram e mantiveram a esperança até final.

O resultado final castiga a inoperância do Barcelona e acima de tudo premeia a organização da Juventus, que fez a diferença. A Vecchia Signora está bem preparada para ser candidato a vencer a Liga dos Campeões.

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