Como estamos face ao pesadelo de há um ano: os factos da quinta vaga da covid-19

29 jan 2022, 17:04
Pandemia de covid-19

As comparações mostram que não tem comparação. Variante ómicron alastra sem parar mas muito longe da devastação da terceira vaga de há um ano. Veja a comparação dos dados oficiais

Há hoje mais de um milhão de casos de covid-19 ativos e em vigilância, a variante ómicron alastra-se velozmente pela sociedade portuguesa, mas todos os indicadores oficiais provam que não há paralelo com a terceira vaga, que há um ano matava centenas por dia e esgotava a capacidade dos hospitais. Como vários estudos e especialistas têm sustentado, a variante agora dominante é mais contagiosa mas menos grave; e o processo de vacinação está a produzir resultados evidentes.

Compare-se a última semana com a mesma semana de há um ano. Mesmo com menos casos então detetados, morreram na semana de 22 a 28 de janeiro de 2021 um total 1.966 pessoas por covid-19. Na mesma semana deste ano, mesmo com mais do quádruplo dos casos, morreram 288 pessoas por covid-19. É menos 85%.

Este não é o único indicador relevante. Como se vê na tabela acima, há hoje quase menos dois terços (-64%) de internados, sendo a diferença ainda maior no que toda aos internados em unidades de cuidados intensivos (-80%).

Isto acontece mesmo apesar de nos últimos sete dias terem sido detetados mais de 390 mil casos positivos em Portugal (média diária de quase 55 mil casos), um aumento de 336% face aos 89 mil casos no total na mesma semana de 2021 (média diária inferior a 13 mil casos).

Em parte, o aumento dos casos detetados está associado ao aumento de testagem. Mas isso não explica tudo. Quando comparamos a proporção entre casos positivos e número de testes, percebemos que ela não é apenas superior à proporção de há um ano em ponto percentual: há uma proporção de 18,8% entre casos e testes este ano, contra 19,8% nos mesmos sete dias de janeiro de há um ano. 

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar desde dezembro análises sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado.

Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado.

Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade, até porque este ano há uma larga cobertura vacinal em Portugal.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave neste janeiro de 2022 do que era um ano antes.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação, ressalvando-se que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

Recorde-se ainda que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS, que tem como utilidade medir a ocupação e a disponibilidade dos hospitais.

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