Melhor ou pior: percentagem de testes positivos está a crescer desde o início do ano

14 jan 2022, 18:14
Melhor ou pior 14 de janeiro 2021

Portugal continua com (muito) mais casos mas (muito) menos internamentos do que há um ano. Mas a percentagem de testes positivos à Covid-19 está a aumentar desde o início deste ano

Mais de 120 mil infetados em três dias. Os valores continuam muito mais elevados do que aqueles que se verificavam há um ano (são mais do quádruplo), quando Portugal atravessou o pior período da pandemia. O número de infetados não se materializa no entanto em mais internamentos, o que confirma que a gravidade é agora menor. Ainda assim, o aumento do número de testes já não explica tudo. A menor virulência da variante Ómicron e a vacinação sim.

Analisando a última semana (os sete dias de 7 a 13 de janeiro, sempre reportados no dia seguinte), verificou-se uma média de 33.762 casos de infeção, face a uma média de 234.949 testes realizados diariamente. Na mesma semana de há um ano, foi registada uma média de 8.753 casos diários, em 49.230 testes realizados por dia.

Comparando, vê-se que nesta semana deste ano há uma proporção (que não é tecnicamente a taxa de positividade, mas é uma aproximação) de 14,1%, ou seja, 14 casos positivos face a cada 100 testes. Esta proporção tem vindo a subir desde o início do ano (era de 8,6% na semana até 3 de janeiro) e já se aproxima da proporção de há um ano (foi de 17,8% na semana de 7 a 13 de janeiro de 2021).

Isto permite concluir que já não é só o aumento de testagem que explica a subida dos números de infetados.

Tendência que se mantém é a de menor gravidade da pandemia este ano face às mesmas semanas de janeiro de 2021, quando a terceira vaga já escalava entre nós (a 13 de janeiro do ano passado morreram 148 pessoas por covid-19, por exemplo, contra 34 óbitos a 13 de janeiro deste ano, ainda assim mais do dobro que se verificou por exemplo dez dias antes, a 3 de janeiro).

É ao nível dos óbitos e dos internamentos que se confirma a menor gravidade. Apesar de o número de óbitos estar a crescer, ele foi na última semana 82% inferior ao verificado na mesma semana de 2021. Já a média de internamentos é 60% menor do que então, sendo 72% menor em Unidades de Cuidados Intensivos.

Pandemia menos grave

A CNN Portugal está a publicar esta análise sobre dados semanais para aprofundar a comparabilidade, evitando por exemplo comparar um dia de semana deste ano com um dia de fim de semana do ano passado. Fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade, até porque este ano há uma larga cobertura vacinal em Portugal.

Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave neste início de janeiro de 2022 do que era um ano antes.

Notas: a proporção entre número de infetados e número de testes realizado não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso (é, ainda assim, uma aproximação a essa taxa).

Da mesma forma, a relação entre internados e infetados é uma indicação, ressalvando-se que muitos podem tornar-se internados apenas algum tempo depois da infeção.

Recorde-se ainda que os números de internados e em UCI são as médias em cada dia (não os novos internados ou os novos em UCI), seguindo-se a metodologia utilizada todos os dias pela DGS, que tem como utilidade medir a ocupação e a disponibilidade dos hospitais. Quando por exemplo se vê uma proporção de 4,6% entre internados e infetados, isso não significa que 4,6% dos infetados sejam internados, mas sim que face ao número de infetados comunicados nessa semana havia uma média de 4,6% de número de internados. São esses os critérios comunicados diariamente pela DGS.

 

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