P. Ferreira-V. Guimarães, 0-0 (crónica)

17 fev 2002, 19:41

Uma pitadinha de sal, por favor Faltou sal ao jogo. Dito de outra forma: faltaram os golos. Foi um bom espectáculo, apesar de ter havido muitas faltas. E teve casos: será que foi penalty sobre Carlos Carneiro?

O futebol precisa de jogos assim: intensos, com as duas equipas a darem o corpo e alma dentro do campo. Depois, o público a ajudar, a vibrar em todos os lances, a encher o estádio de gritos, de palmas e de festejos. Foi bonito, sim senhor. Mas faltou sempre qualquer coisa para ser um desafio de outra galáxia. Se o desporto-rei fosse como a culinária, o mal estaria encontrado. A ausência de sal seria a explicação lógica para o que se passou no Estádio da Mata Real. Ou seja, não houve golos. Por isso, o espectáculo foi algo insosso, apesar da entrega e do dinamismo patente em todos os lances.

A rivalidade entre o Paços de Ferreira e o Vitória de Guimarães, não só geográfica mas também desportiva, revestia este encontro como algo de muito especial. No fundo, até foi. No entanto, uma análise mais fria dos acontecimentos é capaz de dizer que o jogo podia ter sido ainda mais bonito. Mais bonito se o futebol não tivesse sido praticado com alguns repelões em determinados momentos; se as equipas despissem a capa do respeito em certos períodos. Houve muitas faltas, mais do que o normal, num confronto por vezes quezilento.

Os golos podiam ter sido uma realidade. É preciso dizê-lo. Houve oportunidades para isso, no entanto, o jogo fica ligado a um lance polémico, a suscitar vários protestos por parte dos adeptos minhotos. Se este desafio fosse um clássico ou um derby mediático, certamente os jornais e as televisões teriam manchete para o resto da semana. O Paços de Ferreira beneficiou de uma grande penalidade (no mínimo duvidosa), num suposto derrube de Rogério Matias sobre Carlos Carneiro. A três minutos do final. Teria sido penalty? Uma pergunta de difícil resposta, porém o beneficio da dúvida deve ser dado ao árbitro, perto do lance. Mesmo assim, Leonardo falhou, ou melhor, Palatsi defendeu.

Golo salvo em cima da linha

Os dados estavam baralhados e a tendência inverteu-se. Contrariamente ao que se possa pensar, foi o Vitória de Guimarães que entrou melhor no jogo. A pressionar, a apostar muito bem no contra-ataque com Fangueiro a ter a dura responsabilidade de correr, fintar e rematar. No meio-campo, Pedro Mendes era a melhor unidade, face ao desaparecimento de Nuno Assis, completamente secado por Paulo Sousa. O Paços de Ferreira teve alguma dificuldade em liberta-se desta pressão inicial, ou seja, deste domínio visível. No entanto, consegui-o. Essencialmente, graças aos raids de Zé Nando e à técnica de Mauro, porque Zé Manel teve uma tarde para esquecer. Bastou um cabeceamento de Leonardo à barra para deixar os minhotos em sentido.

Por isso, a melhor oportunidade da primeira parte é do Paços de Ferreira. Um remate intencional de Mauro, com Palatsi já batido, mas Abel anula um golo certo, ao fazer um corte sensacional sobre a linha da baliza. O lance serviu de pedra de toque para a excelente segunda parte dos pacenses, sem dúvida mais acutilantes, sem dúvida mais insistentes perante a equipa de Inácio, que deu a sensação de ter perdido o fôlego em determinados momentos. Esteve bem no primeiro tempo, é certo, mas depois eclipsou-se e sentiu a falta de uma palavra longa, mas fundamental: objectividade.

A culpa também pode ser apontada a Ceará, alvo de uma marcação cerrada de João Armando. Não lhe deu um espaço de terreno e isso prejudicou muito a manobra da formação vimaranense. No entanto, a quebra de rendimento de Fangueiro acabou por ditar o afastamento do jogo da sua equipa. Nos pacenses a entrada de Miguel Xavier forneceu maior dinamismo, assim como um excelente remate de Leonardo à barra, em pleno segundo tempo, que incutiu alma, projectou a formação amarela para uma exibição bem conseguida. Soube pressionar o adversário, encostá-lo às cordas. Só não marcou.

O árbitro esteve algo nervoso. Paulo Paraty acusou a pressão vinda das bancadas e muitas vezes houve dualidade de critérios. Depois, ficou ligado ao lance da grande penalidade. Houve, ou não, falta de Rogério Matias sobre Carlos Carneiro? O benefício da dúvida deve ser dado ao juiz do Porto, perto do lance, assim como o seu fiscal de linha. Paraty marcou o castigo máximo, sem hesitar. Mas fica sempre a dúvida...

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