Os «seguranças» do Paços de Ferreira

20 out 2000, 18:57

Brasileiros Beto e Glauber formam dupla de sucesso no meio-campo Viajaram juntos do Recife no princípio da época e cedo começaram a mostrar valor. Glauber é mais vistoso, Beto ainda está em adaptação, mas ambos partilham a vontade de conseguirem chegar a um grande do futebol português. Para o jogo com o Benfica asseguram que a equipa vai «fazer tudo para ganhar a um dos maiores clubes do mundo».

Uma ambição indisfarçável nos dois rostos morenos, sedentos de sol e batalhadores do frio. A terra-natal não é visitada há mais de três meses e as saudades da praia começam a apertar. Só que o objectivo de vida é mais importante e a força de vontade leva-os a superar essa densa adversidade, que é o inverno português. 

Beto e Glauber são dois dos reforços do Paços de Ferreira para esta época e, consecutivamente, intervenientes directos no bom início de campeonato que a equipa está a realizar. Viajaram juntos desde o Brasil em Julho após prolongadas observações efectuadas pelo técnico José Mota e responsáveis directivos «in loco» durante o defeso. Colegas de entendimento no Recife, partilhavam o meio-campo com sucesso e as suas qualidades profissionais e pessoais levaram-nos a serem contratados pelos pacenses. 

Apesar do grande entendimento entre os dois brasileiros, o treinador optou por não colocá-los lado-a-lado, muito por culpa das excelentes exibições que Marco Paulo tem vindo a efectuar. A solução foi colocar Beto mais solto no meio-campo ofensivo e descaído para a direita, uma posição que não baralha o pensamento do atleta, pois a intenção é «jogar em qualquer sítio e ajudar a equipa. Se o treinador decide colocar o Marco Paulo com o Glauber é porque tem mérito e isso é inegável». O elogio ao colega é feito sem qualquer problema, mas Beto e Glauber não escondem o desejo de «talvez um dia» voltarem a jogar juntos. 

Sem receio do sucesso 

O toque de bola é pausado, simples; a colocação em campo já foi elogiada por muitos, pois permite a rotação constante dos elementos do meio-campo e oferece grande segurança à defesa. Glauber é, já, um dos elementos de referência no Paços de Ferreira, onde parece que toda a gente se esqueceu de Luís Cláudio ¿ jogador que deu nas vistas na época passada e foi contratado pelo FC Porto. 

A ousadia e uma certa excentricidade que usa fora das quatro linhas transformam-se em objectividade dentro de campo, porque cedo chegou à conclusão que seria «mais fácil ter sucesso se jogasse simples. O futebol é universal e as pessoas que o sabem entender preferem os jogadores que não complicam e que sabem estar em campo. Desde que cheguei, penso que soube dar bem conta desse recado». 

Para Beto as coisas ainda são um pouco mais complicadas, devido a uma maior dificuldade de adaptação. Não conseguiu entrar com tanta efectividade na equipa e só recentemente começou a jogar com mais assiduidade, nomeadamente nas últimas três partidas. «No início foi difícil devido ao excesso de estrangeiros», começa por referir, mas com o passar do tempo e a absorção dos métodos do treinador entrou no «onze» frente ao Boavista e deve manter esse estatuto contra o Benfica. 

Na avaliação aos primeiros tempos em Portugal, os dois brasileiros nunca deixam de assumir que a vontade é «mostrar valor no Paços de Ferreira para poder jogar num clube grande brevemente». Foi assim no dia de apresentação do plantel, em Julho, e continua a ser esse o estado de espírito de Glauber e Beto. A referência constante ao emblema actual é óbvia, mas a sede de sucesso continua a alimentar-lhes o espírito. Querem chegar cada vez mais alto e «já na próxima temporada, se for possível», mas se isso não acontece «não haverá problemas em continuar a jogar com a camisola do Paços de Ferreira». 
 

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