Belenenses-Paços de Ferreira, 0-0 (crónica)

29 out 2000, 18:58

Choque de estilos resultou num encontro enfadonho Belenenses e Paços de Ferreira, duas equipas que têm realizado boas exibições na I Liga, empataram 0-0 no Restelo num encontro enfadonho com muito poucas oportunidades de golo. Com estilos completamente distintos, as estratégias das duas equipas acabaram por colidir demasiadas vezes.

Desilusão no Restelo. Belenenses e Paços de Ferreira, duas equipas que têm estado em destaque na I Liga, empataram 0-0 num encontro enfadonho e com muito poucas oportunidades de golo. 

Marinho Peres manteve o seu esquema habitual com Cléber e Tuck à frente da defesa, uma forte garantia de segurança, e um meio-campo supostamente ofensivo, com Guga na direita, Verona no centro e Eliel na esquerda. Um pouco mais à frente Marcão que, devido às contigências do encontro, viu-se obrigado a recuar para terrenos a que não está habituado. 

O Paços de Ferreira apostou num meio-campo muito preenchido e polivalente. Com uma defesa fixa, que raramente ultrapassou a linha do meio-campo, e Paulo Vida permanentemente junto à área de Marco Aurélio, a prender os centrais do Belenenses, coube ao meio-campo as despesas do encontro. 

Os cinco homens do meio-campo do Paços correram quilómetros ao longo do encontro. Sempre na perseguição da bola, cercavam rapidamente o adversário e cortavam-lhe todas as linhas de passe. Na posse da bola corriam em bloco, evitando sempre o confronto com o adversário, endossando o esférico, ao primeiro toque, para o companheiro mais próximo. 

Durante todo o primeiro tempo as duas equipas procuraram impor o seu estilo sem nunca o conseguir. Apesar de muito diferentes, as estratégias dos dois clubes colidiam demasiadas vezes e o jogo arrastou-se até ao intervalo. 

No início do segundo tempo, o embate continuou a praticar-se ao centro e só quando a bola descaía para uma das laterais é que havia possibilidades de criar perigo. Um bom exemplo foi uma iniciativa de Beto do lado direito. O médio subiu todo o flanco e colocou a bola no coração da área onde Paulo Vida rematou de primeira para uma apertada defesa de Marco Aurélio. Na recarga, Everaldo, em posição irregular, atirou para golo. Mas Martins dos Santos, atento, já tinha apitado. 

Inconformado, Marinho Peres decidiu mudar tudo. Guga e Eliel, que supostamente deveriam ocupar as laterais, descaíam com facilidade para o centro e Marcão, desamparado, recuava muitas vezes à procura da bola. Assim, o treinador do Belenenses fez entrar Litos e Cafú para as laterais e mandou Eliel para o centro. 

O efeito foi quase imediato. O futebol dos azuis, até então engasgado, corria finalmente na direcção da baliza de Pedro. Eliel demonstrou que tem mais recursos que Marcão e encostado à esquerda é um desperdício. As oportunidades multiplicaram-se com destaque para um remate de Eliel à meia-volta. 

No entanto, esta conjuntura foi rapidamente anulada. Zé Nando e Paulito transformaram-se em obstáculos às subidas de Lito e Cafú que rapidamente caíram no mesmo erro que os companheiros que tinham substituído. Procuraram o centro onde não havia espaço para a criatividade. 

Cafú ainda procurou furar o bloqueio à força, com remates de longe, mas foi com um lance artístico, pontapé de bicicleta, que levou mais perigo à baliza de Marco Aurélio. No entanto, a melhor oportunidade de todo o encontro pertenceria ao Paços. José Manuel, à entrada da área, atirou em jeito, obrigando Marco Aurélio a uma defesa espectacular. 

Este foi o momento mais emocionante de um encontro enfadonho que terá desiludido o numeroso público do Restelo.

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