É dia de eleições mas é também madrugada de óscares. E isto é o que se pode esperar da cerimónia
Ryan Gosling a cantar "I'm Just Ken" - e, segundo os rumores em Hollywood, acompanhado de um grupo de 65 bailarinos - é um dos momentos musicais mais aguardados da cerimónia dos Óscares, que se realiza na madrugada deste domingo para segunda-feira. A 96ª entrega dos prémios acontece no Dolby Theatre em Los Angeles, EUA, a partir das 23:00 para quem está Portugal Continental, ou seja, uma hora mais cedo do que o habitual.
A apresentação está mais uma vez a cargo do humorista Jimmy Kimmel e o espetáculo deve prolongar-se por três a quatro horas. Além de Ryan Gosling estão previstas as atuações de Billie Eilish, Becky G, Jon Baptiste, Scott George e o grupo The Osage Singers - naquela que será a primeira atuação de artistas nativo-americanos numa cerimónia dos Óscares.
Para anunciar os premiados e entregar as estatuetas estão já confirmados os nomes de Nicolas Cage, Lupita Nyong'o, Melissa McCarthy, Ke Huy Quan, Al Pacino, Steven Spielberg, Michelle Yeoh, Ramy Youssef, John Mulaney, Emily Blunt, Christoph Waltz, Dwayne 'The Rock' Johnson, Kate McKinnon e Ryan Gosling, entre outros.
Olhando para a temporada de prémios, é fácil concluir que "Oppenheimer", o filme de Christopher Nolan, é o grande favorito da noite - com vitórias quase certas nas categorias de Melhor Filme, Realização, Ator (Cillian Murphy) e muito provavelmente também ator secundário (Robert Downey Jr.). Nas categorias de interpretação feminina, as favoritas são Emma Stone (de "Pobres Criaturas") e Lily Gladstone (de "Os Assassinos da Lua das Flores") como protagonistas e Da'Vine Joy Randolph (de "Os Excluídos") como secundária. Os vencedores são escolhidos com os votos de cerca de 9.500 membros da Academia de Hollywood. Os membros votam na sua categoria profissional e todos podem votar para eleger o Melhor Filme.
ESTA É A LISTA COM TODOS OS NOMEADOS
Mais mulheres nomeadas - mas ainda são poucas
Pela primeira vez há três filmes realizados por mulheres candidatos ao Óscar de Melhor Filme: "Barbie", de Greta Gerwig, "Anatomia de uma Queda", de Justine Triet; "Vidas Passadas", de Celine Song.
Na categoria de realização, o panorama não é assim tão animador: há apenas uma mulher nomeada, Justine Triet. Para se ter uma ideia da desigualdade que ainda persiste nesta categoria - a francesa é apenas a nona mulher nomeada nesta categoria desde que existem Óscares. A primeira foi Lina Wertmüller em 1977. Depois vieram Jane Campion (1994), Sofia Coppola (2003), Kathryn Bigelow (2010), Greta Gerwig (2017), Emerald Fennell (2020), Chloé Zhao (2021) e Jane Campion novamente (2022).
Foi muito falada a ausência de Greta Gerwig entre os nomeados para Melhor Realização, mas há um recorde que ninguém lhe pode tirar: é a primeira realizadora a ter três das suas obras nomeadas para Melhor Filme: "Barbie", "Lady Bird" e "Mulherzinhas".
Já nas categorias de escrita, quatro dos 10 argumentos nomeados foram escritos ou coescritos por mulheres - "Anatomia de uma Queda" (Justine Triet com Arthur Harari), "Barbie" (Greta Gerwig com Noah Baumbach), "May December" (Samy Burch) e "Vidas Passadas" (Celine Song). Pode parecer pouco mas este é o maior número de escritoras representadas nas duas categorias num ano.
Diversidade - um passo de cada vez
A Academia admite que tem feitos um esforço para garantir a diversidade e a representatividade entre os nomeados aos Óscares. Este ano, Lily Gladstone faz história como a primeira pessoa nativa americana nomeada para Melhor Atriz por "Assassinos da Lua das Flores".
Jeffrey Wright e Sterling K. Brown estão nomeados pelas suas interpretações em "American Fiction" - esta é a primeira vez que um ator principal e um ator secundário negros do mesmo filme foram nomeados.
Colman Domingo é o primeiro afro-latino nomeado para Melhor Ator, pela sua interpretação no drama sobre direitos civis "Rustin".
Na categoria de Melhor Atriz Secundária - que é historicamente a categoria de interpretação com mais diversidade - encontramos duas mulheres negras: Danielle Brooks por "A Cor Púrpura" (é a única nomeação do filme) e Da’Vine Joy Randolph por "Os Excluídos", o filme de Alexander Payne. A elas junta-se a atriz latina America Ferrera (de "Barbie").
Colman Domingo e Jodie Foster, que está nomeada para Melhor Atriz Secundária por "Nyad", também fazem história nesta edição dos Óscares: é a primeira vez que dois atores abertamente LGBTQ são nomeados por interpretarem personagens LGBTQ.
A diversidade está também na língua
Esta é a primeira vez que mais do que um filme não falado principalmente em inglês está nomeado para Melhor Filme: "Anatomia de uma Queda" (é falado maioritariamente em francês), "Vidas Passadas" (em coreano) e "A Zona de Interesse" (em alemão). Isto além de "Assassinos da Lua das Flores", claro, que é parcialmente falado em língua indígena.
"A Zona de Interesse", de Jonathan Glazer, está nomeado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. A primeira vez que tal aconteceu foi em 1969 com "Z - A Orgia do Poder". Mas, nos últimos anos, esta situação tem sido mais recorrente. Aconteceu com "A Vida é Bela" (1998), "O Tigre e o Dragão" (2000), "Amor" (2012), "Roma" (2018), "Parasitas" (2019), "Drive My Car" (2021) e "A Oeste Nada de Novo" (2022).
A atriz do momento: Sandra Hüller
A atriz alemã Sandra Hüller, de 45 anos, é a protagonista de dois dos nomeados na categoria de Melhor Filme: "Anatomia de uma Queda", de Justine Triet, e "A Zona de Interesse", de Jonathan Glazer.
Hüller está nomeada para o prémio de Melhor Atriz apenas por "Anatomia de uma Queda", onde fala francês e inglês.
Martin Scorsese está novamente entre os nomeados
"Assassinos da Lua das Flores" é o décimo filme realizado por Martin Scorsese a ser nomeado para o Óscar de Melhor Filme - os nove anteriores foram "Taxi Driver", "O Touro Enraivecido", "Tudo Bons Rapazes", "Gangs de Nova Iorque", "O Aviador", "The Departed - Entre Inimigos", "Hugo", "O Lobo de Wall Street" e "O Irlandês".
Além disso, Scorsese também recebeu a sua décima nomeação para Melhor Realizador, o que significa que, aos 81 anos, não só se tornou a pessoa mais velha já nomeada nesta categoria, como também ultrapassou Steven Spielberg no maior número de nomeações para Melhor Realizador entre os autores que estão vivos neste momento. O recorde geral ainda é detido por William Wyler (realizador de "Ben Hur"), que esteve 12 vezes nomeado.
No entanto, "Marty" só levou a estatueta para casa uma vez – pelo filme de 2006 "The Departed - Entre Inimigos" – enquanto Spielberg já ganhou duas vezes ("A Lista de Schindler" e "O Resgate do Soldado Ryan").
Robert De Niro quebra mais um recorde
Por falar em "Assassinos da Lua das Flores", Robert De Niro está nomeado como Melhor Ator Secundário e estabeleceu um novo recorde para o maior intervalo entre a primeira e a última nomeação de um ator ou atriz: foi nomeado (e ganhou o Óscar) pela primeira vez pela sua interpretação em "O Padrinho - Parte II", em 1975 - ou seja, há 49 anos.
Até aqui o recorde era de 48 anos e pertencia a Katherine Hepburn, que foi nomeada pela primeira vez em 1938 e pela última vez em 1982.
Até agora, Robert de Niro já ganhou dois Óscares e já esteve oito vezes nomeado: cinco vezes como Melhor Ator e três como Secundário.
Falando em recordes: John Williams está outra vez nomeado
O compositor John Williams, de 92 anos, está nomeado pela 54ª vez - este ano pela banda sonora de "Indiana Jones e o Marcador do Destino".
Williams mantém o seu recorde como o compositor mais vezes nomeado para os Óscares de todos os tempos e continua a ser a pessoa viva mais nomeada.
