O efeito Neves

6 out 2023, 17:21
João Neves (JOSÉ COELHO/LUSA)

Nuno Farinha escreve no Maisfutebol sobre o médio do Benfica, chamado à seleção A esta sexta-feira

A convocatória de Roberto Martínez para a dupla jornada que se avizinha encerra, em si mesma, algumas ‘notícias’ e outras tantas confirmações. A saber:

- O selecionador nacional é mesmo adepto de grupos alargados e volta a optar pela solução XL: 26 convocados.

- A ‘família Portugal’ não está, afinal, assim tão fechada como parecia e lá se arranjou espaço, sem excluir ninguém, para integrar o fenomenal João Neves.

- Toti Gomes volta a figurar nas escolhas de Martínez - sendo, até ver, a maior surpresa nas convocatórias ‘pós-Catar’.

-  Pedro Gonçalves e Paulinho, ao invés, vão ter de continuar a aguardar. E, provavelmente, o melhor é que o façam sentados.

Os méritos de Roberto Martínez são indiscutíveis neste seu primeiro semestre na Cidade do Futebol. A seleção ganha, marca muito e não sofre. Com o novo selecionador, a matemática impõe-se e facilita as análises: seis jogos, seis vitórias, 24 golos marcados, zero sofridos. Quem se atreve a criticar? Quem pode dizer que está alguma coisa a ser mal feita? Quem ousa apontar o dedo a alguma escolha?

Roberto Martínez não tem culpa que o sorteio nos tenha colocado num grupo de qualificação tão pobre que, provavelmente, até a competente seleção de sub-21, de Rui Jorge, se atrevia a ficar em 1.º lugar. A verdade é que, do ponto de vista dos resultados, as coisas não poderiam estar a correr melhor. Nas exibições, na proposta de jogo, na vontade de (nos) voltar a seduzir, aí, convenhamos, ainda subsistem muitas dúvidas.

É cedo para tirarmos conclusões. Cedo demais, aliás. Não é contra Luxemburgos e Eslováquias que ficaremos a saber para onde Martínez nos quer levar - e de que forma nos tentará convencer de que é possível Portugal voltar a ser campeão da Europa. Ou mesmo mais do que isso. A ideia de um sistema de jogo diferenciado - e que replica o que, em parte, funcionou bem na Bélgica - até é um bom ponto de partida. 

Há hoje centrais em número suficiente (e ainda falta Pepe) que dão sentido à ideia de Martínez. Há, ainda, laterais com características perfeitas para esse sistema tático. Cancelo é o melhor de todos e só é pena, já agora, que Nuno Mendes volte a estar lesionado.

Do meio-campo para a frente, então, Portugal tem tudo o que um selecionador pode desejar. Sonhar, aliás. Tem médios e alas - em qualidade e quantidade - para jogar da forma que entender. Não falta rigorosamente nada à Seleção Nacional para fazer uma qualificação perfeita (100 por cento vitoriosa) e embalar, dessa forma, para uma fase final onde pode chegar, justamente, na condição de uma das principais favoritas à (re)conquista do título.

A única coisa que falta, até agora, é um teste à altura. E faltava também João Neves. Chegou em boa hora, felizmente. O Mundial 2030 ainda vem longe, mas é preciso começar a pensar nisso.

Relacionados

Benfica

Mais Benfica

Mais Lidas

Patrocinados