A NATO vai mesmo fazer o seu habitual exercício nuclear - adiá-lo "enviaria um sinal muito errado", criaria "mal-entendidos", provocaria "erros de cálculo"

11 out 2022, 20:46
Caça F-16

Exercício nuclear da Aliança Atlântica conta com a participação de 14 países e dezenas de aviões no sul da Europa

Num cenário de crescente tensão relacionada com a guerra na Ucrânia, associado ao facto de Vladimir Putin garantir que não está a fazer bluff sobre usar todos os meios disponíveis, a NATO vai avançar na próxima semana com o exercício anual de guerra nuclear.

Quando questionado sobre a altura para realização deste exercício, dadas as atuais tensões nucleares, o secretário-geral Jens Stoltenberg apontou que “agora é o momento certo para ser firme e para ser claro que a NATO está lá para proteger e defender os Aliados”.

“Este é um exercício planeado há muito tempo, ainda antes da invasão da Ucrânia, e é um exercício de rotina para assegurar que o nosso dissuasor nuclear está salvaguardado”, justificou.

Além disso, “enviaria um sinal muito errado se agora, de repente, cancelássemos um exercício de rotina planeado há muito tempo por causa da guerra na Ucrânia”, o que abriria a porta a “mal-entendidos e erros de cálculo sobre a vontade de proteger e defender os Aliados, aumentando o risco de uma escalada”, argumentou ainda Jens Stoltenberg.

Uma semana, 14 países: o que se sabe sobre o Steadfast Noon

O exercício, apelidado de forma informal como “Steadfast Noon” (meio-dia firme, em tradução livre para português), é realizado anualmente e dura cerca de uma semana. A cada ano, o teste é organizado por um país diferente e, por norma, envolve voos de treino com caças capazes de transportar ogivas nucleares - mas não usa bombas reais. Jatos convencionais e aeronaves de vigilância e reabastecimento também participam habitualmente nestes exercícios.

Operações aéreas no terceiro dia do Steadfast Noon de 2021 em Itália (Foto: Federation of American Scientists)

Segundo avança a Associated Press (AP), 14 dos 30 países membros da NATO estarão envolvidos no exercício da próxima semana, que foi planeado ainda antes de a Rússia invadir a Ucrânia em fevereiro. Parte principal das manobras será realizada na Europa Ocidental, a mais de 1.000 quilómetros da Rússia, adiantaram fontes da Aliança Atlântica à agência EFE, que reforça que o exercício "não está relacionado com nenhum evento mundial atual".

As mesmas fontes salientaram também que o novo Conceito Estratégico adotado pelos dirigentes da NATO na Cimeira de Madrid em junho afirma que “o objetivo fundamental da capacidade nuclear da NATO é preservar a paz, prevenir a coerção e dissuadir a agressão". "As armas nucleares são únicas."

A NATO, enquanto organização, não possui armas. As armas nucleares nominalmente ligadas à Aliança permanecem sob o firme controlo de três países-membros - Estados Unidos, Reino Unido e França. O grupo secreto de planeamento nuclear da Aliança reúne-se já esta quinta-feira com os ministros da Defesa.

Leia também: NATO avisa Rússia: qualquer ataque a infraestruturas dos aliados terá "resposta unida e determinada"

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