Uma viagem de 239 quilómetros que durou três dias. Civis retirados de Mariupol começam a chegar a Zaporizhzhia

2 mai 2022, 11:48
Habitantes de Mariupol chegam a Zaporizhzhia

Espera-se que cerca de cem civis retirados da Azovstal pela caravana humanitária cheguem ao destino ainda esta segunda-feira. Mas não são os únicos: várias famílias aproveitaram o cessar-fogo para sair de Mariupol em viaturas privadas

Os primeiros civis que conseguiram sair da cidade sitiada de Mariupol, durante o cessar-fogo deste fim de semana, já começaram a chegar a Zaporizhzhia - cidade controlada pelas forças ucranianas.

Segundo testemunhou a CNN Portugal no local, as primeiras famílias chegaram em carros privados. Tratam-se de civis que não estavam escondidos na siderurgia Azovstal, mas que também partiram de Mariupol, independentemente da operação da ONU e da Cruz Vermelha.

Família chega a Zaporizhzhia (CNN Portugal)

Um jovem de 16 anos seguia com a mãe e os animais de estimação da família neste carro azul - parcialmente destruído por um míssil que caiu a pouco menos de cinco metros - e contou à equipa da CNN Portugal que saíram de Mariupol durante o cessar-fogo. Uma viagem de 239 quilómetros que durou cerca de três dias. À chegada a Zaporizhzhia, o jovem saiu do carro e fez um gesto de vitória. 

Para saírem de Mariupol, os civis tiveram de passar por vários postos de controlo, onde as forças russas os obrigaram a apagar todas as imagens da cidade sitiada. Também revistaram mensagens nos telemóveis.

Muitos carros têm uma faixa a dizer "crianças" em ucraniano, na tentativa de sensibilizar os militares russos para não serem atacados ao passar pelas estradas.

Caravana humanitária chega esta segunda-feira

Espera-se que um total de cerca de cem civis retirados da Azovstal cheguem a Zaporizhzhia ainda durante esta segunda-feira. Viajam em autocarros, numa caravana organizada pelas Nações Unidas e pela Cruz Vermelha, numa operação coordenada com a Ucrânia e a Rússia. São idosos, mulheres e crianças.
 

O vasto complexo industrial Azovstal, no porto do Mar de Azov, serve ainda de refúgio para civis e tropas ucranianas.

 
"Pela primeira vez, tivemos dois dias de cessar-fogo neste território, e conseguimos tirar mais de 100 civis - mulheres, crianças", afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

 

Retirada de habitantes continua, mas alguns autocarros estão atrasados

 

A retirada dos residentes de Mariupol e da fábrica Azovstal, onde centenas de civis permanecem cercados e encurralados, iniciada no sábado, continua  esta segunda-feira, disseram as autoridades locais na plataforma Telegram.

De acordo com o município, foram acordados dois locais adicionais para retirar pessoas de Mariupol, sob o controlo da ONU e da Cruz Vermelha. 

"Há boas notícias. Com o apoio das Nações Unidas e da Cruz Vermelha, foram hoje acordados dois locais adicionais para colocar pessoas num comboio que saia de Mariupol. Estes são a aldeia de Mangush, na região de Donetsk, e Lunacharsky, perto de Berdiansk, a leste de Mariupol", indicaram as autoridades.

"Se tiver familiares ou conhecidos no local, tente contactá-los e fornecer-lhes informações sobre uma possível retirada", alertaram.

Mas segundo anunciou entretanto a autarquia, os autocarros que vão retirar mais civis da cidade de Mariupol ainda não chegaram ao ponto de recolha acordado. Os civis em questão são da própria cidade, e não da siderúrgica Azovstal, de onde as Nações Unidas e Comité Internacional da Cruz Vermelha organizou comboios de evacuação.

Declarações que contradizem os relatos que os autocarros já tinham deixado a cidade portuária devastada. Segundo noticia a Reuters, a autarquia pediu aos habitantes que permaneçam no local, não esclarecendo, para já, o que pode ter provocado o atraso.
 

Anteriormente, o assessor do autarca de Mariupol, afirmou que os autocarros já tinham saído de Mariupol, mas depois publicou uma mensagem que também confirmou o problema na evacuação.

 

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