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Messi + Mbappé = PSG + Catar

14 dez 2022, 21:24
Messi (PSG/Barcelona-Argentina)

Messi e Mbappé vão defrontar-se na final de domingo. Os grandes palcos merecem os melhores jogadores. Nós é que não merecíamos que eles fossem todos de um empresário do Catar

Argentina e França merecem estar na final do Campeonato do Mundo. Com percursos diferentes, mas ambas com momentos de Messi genialidade e Mbappé brilhantismo, são duas das seleções que sempre estiveram no lote de favoritas, e não desiludiram.

Os argentinos querem muito ganhar. Há todo um país em rebuliço, músicas para a mãe de Maradona a ser cantadas em todo o lado e uma equipa que contorna as fragilidades com muita raça. E têm Messi, que é o mesmo que dizer que às vezes até podiam ter apenas 10 pinos nos outros lugares e mesmo assim serem melhores do que os adversários em média.

Os franceses não brincam. São os campeões do mundo em título, têm um rol de convocados fantástico e respondem às lesões de Pogbas, Kantés e Benzemas com “novos” Tchouaménis, Fofanas e Griezmanns. E têm Mbappé, que é o mesmo que dizer que às vezes até podiam ter apenas 10 pinos nos outros lugares e mesmo assim serem melhores do que os adversários em média.

O futebol está longe de ser um desporto individual, mas tenho as minhas dúvidas que os indivíduos Lionel Messi e Kylian Mbappé não sejam a principal razão para que no domingo muitos milhões em todo o mundo liguem as televisões para ver a final desta competição. Um Mundial no Catar, que começou com muita polémica, equipas a quererem protestar e não poderem, lembram-se? Parece que foi há muito tempo, mas entretanto uma vice-presidente do Parlamento Europeu foi detida por corrupção ligada ao Catar e nem isso nos distraiu muito da bola.

Atenção, Messi e Mbappé merecem-no. O argentino está mais uma vez a carregar a equipa às costas, quando não está a levar à frente jovens promessas, e está mais perto de Maradona do que nunca. O francês está mais uma vez a correr mais do que os outros, quando não está quase parado a fazer as duas receções orientadas que deram o segundo golo à França contra Marrocos, e está mais perto de ser o herdeiro do melhor do mundo do que nunca.

E nós merecemos que os melhores lá estejam. Nós, que estamos há quase um mês a ver futebol todos os dias, e que no resto do ano basicamente tentamos fazer o mesmo, queremos sempre que os melhores lá cheguem. Temos as nossas preferências, podemos passar até os próximos dias a discutir quem joga mais, quem está pronto para ganhar e quem não está a pensar perder. Mas estamos todos felizes: vamos ver Messi e Mbappé, mais os outros que também não são nada maus (ao que tudo indica, os pinos não jogam no domingo).

Portanto, concentremo-nos nisto. E não pensemos muito que os passes de Messi e Mbappé estão, curiosamente, nas mãos de um empresário catari, que por acaso é dono do PSG, que por acaso é um clube francês, que por acaso é o país diretamente envolvido no escândalo que levou este Mundial para o Catar. Não, não, afastem estes pensamentos, o futebol não serve para mais nada além de nos entreter, deixem-nos olhar para a bola e para mais nada, xô!

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