Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu, detida por suspeitas de corrupção que envolvem o Catar

Agência Lusa , PP, mais agências
9 dez 2022, 20:34
Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu, foi detida

Há outros quatro suspeitos detidos - todos italianos. Eva Kaili é grega

A eurodeputada Eva Kaili, que é também vice-presidente do Parlamento Europeu, foi detida pelas autoridades belgas esta sexta-feira à noite, avança a agência France-Presse. A detenção estará relacionada com uma investigação sobre corrupção que envolve o Catar, país anfitrião do Mundial 2022.

Esta sexta-feira já tinha sido anunciada a detenção de quatro italianos, incluindo um ex-deputado de esquerda e o atual chefe da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), devido a esta investigação sobre um alegado lóbi ilegal do Catar para influenciar decisões políticas no Parlamento Europeu. Poucas horas depois era avançada a detenção de Eva Kaili, que recentemente defendeu que o Catar era um "pioneiro nos direitos dos trabalhadores", após uma reunião com o ministro do Trabalho daquele país.

Eva Kaili, que ocupa uma das 14 vice-presidências do PE, e foi detida ao final do dia no âmbito desta investigação e a sua casa alvo de buscas pelas autoridades, noticiaram os jornais "Le Soir" e "Knack".

A polícia de Bruxelas realizou 16 buscas domiciliárias e efetuou as detenções, entre as quais o companheiro de Kaili, atual colaborador ligado ao grupo dos Socialistas e Sociais Democratas no PE, adiantaram as mesmas fontes.

Segundo a polícia belga, citada por alguns órgãos de comunicação social, a investigação em causa decorre há já vários meses - há suspeitas de que um país do Golfo, o Catar, possa estar a "influenciar decisões económicas e políticas no Parlamento Europeu". De acordo com o jornal belga Le Soir, também o antigo deputado de esquerda Antonio Panzeri, de 67 anos, e o secretário-geral da Confederação Internacional de Sindicatos (CIS), Luca Visentini, de 53 anos, estão entre as pessoas detidas em Bruxelas.

A polícia de Bruxelas concretizou as detenções depois de ter realizado 16 buscas, nas quais encontrou meio milhão de euros em dinheiro na casa de Panzeri, no âmbito de uma investigação sobre ações de crime organizado para influenciar decisões políticas e económicas no Parlamento Europeu. Os outros dois italianos presos são o diretor de uma organização não governamental e um assessor parlamentar, de acordo com o jornal.

O Ministério Público belga anunciou que os investigadores da brigada anticorrupção “suspeitam que um país do Golfo tenta influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu”, alegadamente através do “pagamento de quantias substanciais de dinheiro ou de presentes significativos a terceiros com posição política e/ou estratégica significativa no Parlamento Europeu”.

O jornal Le Soir diz ter fontes bem informadas que confirmaram que o país indicado pelos procuradores belgas é o Catar, que atualmente é o anfitrião do Campeonato do Mundo de futebol. De acordo com este jornal, o objetivo do Catar era defender a sua imagem enquanto organizador desta competição, sobretudo depois da polémica sobre as condições de trabalho dos migrantes, bem como sobre a proteção de direitos humanos neste país.

Panzeri foi eurodeputado da bancada socialista e democrata durante três mandatos, de 2004 a 2019, e foi presidente do subcomité de direitos humanos do Parlamento Europeu. Visentini tem ocupado cargos de relevo em vários sindicatos europeus há vários anos, tendo sido eleito secretário-federal da CES em março de 2011, passando a secretário-geral em 2015, cargo confirmado em 2019. No final do mês passado, Visentini tornou-se líder da Confederação Internacional de Sindicatos (CIS), o maior grupo de organizações sindicais do mundo, durante um congresso em Melbourne, Austrália.

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