Grupo de migrantes morre de frio junto à fronteira e a Turquia e a Grécia trocam acusações

3 fev 2022, 10:04

Mortes de pelo menos doze migrantes estiveram na origem de conflito diplomático entre governos grego e turco, que trocaram acusações sobre responsabilidades, numa altura em que os dois países sofrem tempestades de neve

Os corpos de doze migrantes foram encontrados num campo gelado próximo da cidade fronteiriça de Ipsala, na Turquia, depois de uma semana de tempestades que cobriu de neve a região turca, bem como algumas partes da Grécia.

Os migrantes, que foram encontrados com pouca roupa no corpo, terão morrido na quarta-feira e, segundo as autoridades turcas, morreram depois de terem sido obrigados a voltar para trás quando tentavam entrar na Grécia. 

Segundo a CNN, o país de origem dos migrantes não é conhecido, mas as mortes estiveram na origem de um incidente diplomático entre Turquia e Grécia: o ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, acusou os agentes da fronteira grega de terem tirado roupas e sapatos aos migrantes, tendo-os deixado à morte na lama num dia de muito frio, e chegou mesmo a publicar no Twitter imagens desfocadas dos corpos.

"É inaceitável deixar 12 pessoas a morrer de frio. Mas esta não é a primeira vez que enfrentamos esse comportamento da Grécia", disse esta quinta-feira o presidente, Recep Tayyip Erdogan, denunciando o "silêncio" da União Europeia.

Até ao momento, ainda que o governo de Ancara não tenha feito qualquer atualização do número de óbitos, a imprensa turca cita informações dos responsáveis da província de Edirne que garantem que já foram encontrados mais sete corpos de migrantes que morreram congelados no mesmo local, elevando para 19 o total de vítimas mortais.

O ministro turco Soylu acusou ainda as autoridades gregas que patrulham a fronteira de serem criminosas, frisando que a União Europeia é "desprovida de sentimentos humanos".

O ministro grego para as migrações, Notis Mitarachi, respondeu entretanto às acusações da Turquia, dizendo que as mortes foram uma tragédia e garantindo que os migrantes não foram afastados na fronteira e que tudo não passa de "falsa propaganda" do governo turco. 

"Estes migrantes nunca chegaram à fronteira. Qualquer sugestão de que chegaram ou que foram efetivamente empurrados de volta para a Turquia é um absurdo total", frisou, numa declaração prestada quando se encontrava em Lille, França, para um encontro da UE sobre migrações.

 

"Em vez de divulgar informações infundadas, a Turquia precisa de cumprir as suas obrigações e trabalhar para impedir estas viagens perigosas", acrescentou o responsável grego. 

Ainda que Atenas tenha rejeitado a expulsão de migrantes na fronteira, muitos dos que tentam chegar à Europa através da Grécia relataram à ONU que são empurrados e obrigados a recuar pelas patrulhas fronteiriças gregas, muitas vezes em alto mar. 

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