Economista Paulo Reis Mourão apresentou estimativa
O regresso da Fórmula 1 a Portugal, já confirmado para 25 de outubro, em Portimão, vai trazer dividendos para a região e para o país. O economista Paulo Reis Mourão estima que o impacto da realização de um grande prémio de Fórmula 1 em Portugal possa chegar aos 130 milhões de euros, entre ganhos diretos e indiretos.
Autor do livro «The Economics of Motorsports: The Case of Formula One», em que apresenta um estudo sobre a economia à volta da F1 desde o seu início, em 1950, Paulo Reis Mourão disse, em declarações à agência Lusa, que o impacto económico direto sem público pode rondar os 100 milhões de euros.
«O impacto direto, sem público, será algo entre 30 a 50 milhões de euros (num período até ano e meio a dois anos após a prova). Indireto (somando emprego criado, rendimento adicional, receitas fiscais, efeito multiplicador e promocional), e considerando a dimensão de Portugal, em contexto pandémico, pode ir até mais 40 a 50 milhões de euros», estima o professor de Economia na Universidade do Minho.
No entanto, com público - tal como prevê o contrato assinado com a Liberty (entidade organizadora do Mundial) - pode ser ainda superior.
«Com público, podemos ter mais 20 a 30 milhões de euros. No entanto saliento aqui algo, o terrível custo do quase-lá: em muitos investimentos, aplica-se o conceito de poverty trap - ou se fazem para serem bem-sucedidos ou então mais vale não fazer. Prometermos e esperarmos a prova e depois a mesma não se concretizar pode ser deveras prejudicial para a imagem externa do país, neste momento tão vulnerável», explicou Paulo Reis Mourão.
O professor natural de Vila Real analisou, também, o impacto da pandemia de covid-19 no Mundial de Fórmula 1, e estima que entre adiamentos e cancelamentos, se contabilizem cerca de mil milhões de euros de prejuízos.
«Por cada prova não realizada em definitivo, podemos dizer que houve menos 100 milhões em média de receitas para os agentes envolvidos na organização e promoção. Para provas adiadas, mas realizadas, no mínimo 30 milhões de euros estão associados a prejuízos pelo adiamento e pela indefinição de bilheteira. No cômputo geral até ao momento, e não descontando eventuais ganhos devido ao adiamento/não-realização das provas (valoração de poupanças de CO2; controlo de externalidades negativas; resgates de seguros acionados) podemos estar com prejuízos perto de mil milhões de euros para a Fórmula 1», concluiu.
O Mundial de Fórmula 1 vai regressar a Portugal a 25 de outubro, 24 anos depois da última vez, agora no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, anunciou esta sexta-feira a organização.