Retaliar o Irão? "A prioridade é defender" - entrevista exclusiva a porta-voz das IDF

14 abr, 15:41

Major Rafael Rozenszajn, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF na siga em Inglês), diz que pode dar uma garantia: "Nenhum drone iraniano conseguiu entrar no espaço aéreo de Israel, como também nenhum míssil guiado conseguiu". Como é que isso foi conseguido? O major explica - mas só parcialmente. E tem uma convicção: não acredita que o Irão "faça um segundo ataque". Mas, se o fizer, "vamos tomar providências". "Isto não é uma ameaça a Israel, é ao mundo inteiro: o Irão é o maior Estado terrorista do mundo”

Quanto feridos fez o ataque iraniano? Confirma danos pouco significativos numa base aérea?
O Irão lançou sábado à noite um ataque significativo coordenado contra o Estado de Israel, foram mais de 300 mísseis, inclusive 170 veículos aéreos não tripulados [drones], 30 mísseis guiados e mais de 120 mísseis balísticos lançados em direção a território israelita. Todos os aviões não tripulados foram abatidos antes de entrarem em território israelita. Dos mísseis guiados, também nenhum conseguiu entrar no território israelita e a grande maioria dos mísseis balísticos foi intercetada. O sistema de defesa de Israel teve um sucesso de 99% nesse ataque sem precedentes, como disse, com mais de 300 mísseis contra o território israelita. Infelizmente, uma menina de sete anos ficou ferida durante estes ataques do maior Estado terrorista do mundo, que é o Irão. E teve um dano bem fraco numa base no sul de Israel, mas a base já está em funcionamento total e o exército de Israel continua a atuar para garantir a segurança dos cidadãos de Israel. 

Pode também confirmar que alguns desses aparelhos, drones ou mísseis, foram abatidos no espaço aéreo de outros países e também por meios militares do Reino Unido e dos Estados Unidos?
Podemos garantir que nenhum drone conseguiu entrar no espaço aéreo de Israel, como também nenhum míssil guiado conseguiu entrar o espaço aéreo israelita. Nós não vamos entrar em detalhes sobre como e onde eles foram abatidos, não podemos fazê-lo por motivos lógicos operacionais, mas podemos deixar claro que essa defesa na última noite foi feita em conjunto com aliados do exército israelita, com aliados que entendem a ameaça do maior país terrorista do mundo - que financia, que dá treino e que fornece armamentos para os grupos terroristas aqui no Médio Oriente. O Irão não é uma ameaça somente para Israel e também não somente para o Médio Oriente, mas uma ameaça para o mundo todo. Então, como os nossos aliados entendem essa situação, então, em conjunto com os nossos aliados, os mísseis foram intercetados e 99% dos mísseis não conseguiu atingir os seus objetivos.

Há informações que possa partilhar sobre eventuais ataques iranianos em solo israelita ou se, eventualmente, esta primeira vaga fica por aqui.
Este ataque foi um ataque fora do comum, onde, pela primeira vez, o Irão, a partir do Irão, atacou o Estado de Israel. Não é a primeira vez que o Irão faz parte desta guerra que está a acontecer no Médio Oriente - o Irão financia, dá armamentos, dá conhecimento e dá também treino para os grupos terroristas, inclusive o Hamas na Faixa de Gaza, o Hezbollah no norte de Israel, que atua no Líbano e na Síria, e também os Houthis, que atuam no Iémen, no sul de Israel. Esses grupos terroristas são financiados, são apoiados pelo Irão. O Irão representa, como eu disse e repito, uma ameaça ao mundo inteiro. O Irão é uma ameaça porque alimenta os terroristas do mundo todo. São terroristas que querem, num primeiro momento, exterminar, acabar com o Estado de Israel, o único estado judeu do mundo. Mas representa também uma ameaça ao mundo democrático.

Há ou nã, nesta altura, indicações de que o Irão pode fazer um novo ataque em território israelita?
Nós acreditamos que o Irão não fazer um novo ataque em território israelita. O exército israelita, está pronto para defender o Estado de Israel, os aliados do exército israelita estão prontos para ajudar a defender o Estado de Israel. Nós acreditamos que o Irão não vai fazer um segundo ataque. Se isso acontecer, o exército israelita está pronto, está preparado para tomar as providências.

Deixe-me perguntar também, numa altura em que o gabinete de guerra [de Israel] está reunido, se há nesta altura alguma informação sobre aquela que pode ser a resposta das Forças de Defesa de Israel. Estão preparadas para, se surgir essa indicação e essa ordem, atacar também o Irão?
O exército, neste momento, está focado em defender o território israelita, que foi atacado na última noite por 300 mísseis. Como eu disse, não há precedentes na história de uma quantidade tão grande de mísseis, de num mesmo momento de um país ser atacado como foi nesta última noite. E o exército de Israel mostrou para o mundo todo a aliança do Irão aos grupos terroristas que atacam no Médio Oriente, mas mostrou também a capacidade do sistema de defesa aéreo de Israel - e ficou claro também os grandes aliados que o exército de Israel tem para defender o Estado de Israel, um Estado democrático de Direito que, neste momento, está a travar uma guerra contra um grupo terrorista que é o Hamas - um grupo que não respeita as normas do Direito Internacional - e o grupo terrorista do Hezbollah, que já lançou mais de três mil mísseis em direção a território israelita, visando a atacar posições civis. E o grupo terrorista do Hamas, que lança foguetes em direção a civis no território israelita e esconde a herança terrorista atrás de civis, está a guardar em cativeiro 133 sequestrados israelitas, que desde o dia 7 de outubro foram raptados pelo grupo terrorista do Hamas, apoiado pelo Irão. Estão na mão do Hamas, inclusive, crianças e mais de 15 idosos com mais de 65 anos.

Segundo as autoridades iranianas, este ataque é uma resposta àquilo que foi o ataque israelita na Síria, em Damasco, num consulado iraniano. Israel não confirma que terá sido da sua autoria este ataque, mas compreende esta explicação da parte do Irão, esta resposta?
Veja bem - é importante deixar muito claro: o Irão já está nesta guerra há mais de seis meses. E anos, não somente seis meses, há anos que o Irão patrocina, o Irão financia, o Irão dá armamentos, o Irão dá treino, o Irão dá conhecimento para os grupos terroristas aqui no Médio Oriente. Então, o último ataque do Irão foi uma escalada, foi a primeira vez que o Irão lançou os seus mísseis do próprio território iraniano em direção a território israelita, mas não é a primeira vez que o Irão está ligado com a guerra que acontece aqui no Médio Oriente, com aquela vontade, com aquela intenção, com aquele objetivo de acabar com o Estado de Israel. Como o próprio Irão diz, 'Israel é o cancro do mundo', então o Irão atua através dos seus proxis [grupos de procuração] aqui no Médio Oriente para alcançar o seu grande objetivo de acabar com o Estado de Israel. A grande coisa que aconteceu no último dia, na última noite, foi os mísseis que foram lançados do território do próprio Irão e não através dos seus correspondentes aqui no Médio Oriente, ou seja, o Hezbollah, os Houthis, a Jihad Islâmica e o grupo terrorista do Hamas

Mas foi ou não uma resposta iraniana a um ataque em território sírio a um consulado do Irão?
O Irão já está nesta guerra há anos. O Irão há anos [que] patrocina grupos terroristas, há anos [que] o Irão faz tudo para atacar o Estado de Israel, para alcançar o seu objetivo. O Irão patrocina os grupos terroristas. A grande escalada da última noite foi o lançamento de foguetes do próprio território iraniano.

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