Como a tecnologia transformou a medicina estética: os "glúteos bonitos" são "a nova face", a flacidez combate-se com luz e uma solução para a celulite a 2.500 euros

23 mar, 08:01
Procedimentos Estéticos

Antes, quando se falava em procedimentos estéticos, falava-se em "maminhas e barrigas, barrigas e maminhas". Tornou-se demasiado "banal". À boleia da tecnologia, esta área da medicina tem-se transformado. É o que lhe vamos mostrar, com vários exemplos, neste artigo. Adeus agulhas, olá tecnologia

Há sempre um motivo para um procedimento estético. Normalmente, dizem as especialistas, é sobretudo uma questão de bem-estar, de autoestima. Mas há também, cada vez mais, a pressão de ser como os outros que vemos nas redes sociais.

“O tabu está a acabar. Ainda bem, porque estamos numa sociedade cada vez mais virada para a liberdade. E a liberdade passa por podermos fazer tratamentos e cirurgias sem que isso tenha uma conotação negativa”, resume a cirurgiã Sofia Carvalho.

Há tratamentos para todos os gostos e bolsos. Alguns custam milhares, apostando na tecnologia, com a promessa de serem “definitivos”. E quem os faz nem sempre quer mostrar o resultado ao mundo: uma das áreas mais badaladas é a dos procedimentos estéticos na zona genital. Inclusive para aqueles que não estão satisfeitos com as dimensões que a natureza lhes deu.

A medicina estética é um mundo em constante mudança. Mas é um mundo que está longe de ser acessível a todos. Por isso há quem, sedento de um corpo perfeito, se entregue a quem não tem conhecimento técnico ou a quem acabe por lhes aplicar produtos tóxicos comprados na Internet. Todas as médicas ouvidas neste artigo reconhecem que lhes chegam cada vez mais casos de complicações. Nem sempre é possível reverter.

Flacidez: uma pequena luz com um poder imenso

Há muita gente a querer contrariar o tempo, a querer exibir um rosto jovem. Por isso, os tratamentos para contrariar a flacidez têm grande procura. Há os mais tradicionais, como a aplicação de botox ou ácido hialurónico, a partir de 350 euros.

E depois há os tratamentos topos de gama, onde a tecnologia é determinante. É disso exemplo o Endolift. “É um laser que funciona através de uma fibra ótica que não implica nem cortes nem injeções. É da espessura de um fio de cabelo. A fibra ótica atravessa a pele e, por dentro, faz o tratamento da flacidez”, explica a cirurgiã plástica Sofia Carvalho.

“Esta luz [vermelha] tem uma especificidade para a pele: faz uma biofotomodulação, ou seja, uma bioestimulação pela luz laser. Além disso, promove a retração, ou seja, os tecidos encolhem. E, portanto, a pele deixa de estar tão flácida e fica mais ajustada”, acrescenta.

Como é tão fino, este fio consegue passar a epiderme. Quase nem se sente, tirando na carteira: uma sessão com Endolift custa cerca de mil euros. Numa sessão de meia hora, um simples furo pode ter impactos numa área completa, como o pescoço. Ainda assim, é mais em conta do que uma sessão com um outro dispositivo semelhante, chamado Renuvion, a rondar os 2.500 euros. “Em vez de funcionar com laser, funciona com radiofrequência e gás hélio, também trabalhando na flacidez.”

São soluções que seguem a tendência cada vez mais vincada na medicina estética de procedimentos menos invasivos. “Permitem tratar a flacidez e o excesso de pele que antigamente só se tratavam com cirurgia”, reforça a especialista. Para quem tem receio de agulhas, é sempre menos um obstáculo a ultrapassar.

Queda de cabelo: como uma luz a vibrar contraria o que era inevitável

Para quem tem problemas de falta de cabelo, a chamada calvície, há várias formas de atuar antes de se tornar inevitável o transplante capilar. Para recuperar a força do cabelo, uma das soluções passa por injeções de plasma rico em plaquetas, já lá vamos.

Porque queremos antes falar-lhe de um capacete, que a médica Isabel Hermenegildo, especialista também em medicina estética, explica estar numa fase de testes. E que prova que a luz vermelha pode ter muitos benefícios além do combate à flacidez.

“Os LED infravermelhos vão reconstituir os tecidos aonde quer que que sejam usados.” Mas a luz, sozinha, não faz milagres. É preciso associá-la a uma vibração. “Descobrimos que a luz tem mais ou menos efeito se ela bater com ritmo, consegue ir mais longe, mais fundo. E onde é que a luz vai? À fábrica de energia da célula, à mitocôndria.” Um dispositivo como este que vê na imagem abaixo pode custar cerca de 600 euros ao cliente.

A afirmação dos glúteos: 2.500 euros para se livrar da celulite

Sofia Carvalho admite que houve um tempo em que as cirurgias estéticas se reduziam a estas duas palavras: “maminhas e barrigas, barrigas e maminhas”. Era o chamado “mummy makeover”. Tornou-se “banal”. Daí que, no entretanto, tenha surgido um novo protagonista: o rabo.

“O que as pessoas procuram mais, neste momento, é ter uns glúteos bonitos. O tal bumbum bonito, sem celulite, sem aquele efeito casca de laranja. Dizemos até que os glúteos são a nova face. Toda a gente procura ter uns glúteos bonitos e sem celulite”, atesta Andreia Monteiro, especialista em Medicina Estética.

E por isso mesmo, para dar cabo da celulite, há um novo tratamento com forte procura. Chama-se Goldincision: uma sessão pode custar qualquer coisa como 2.500 euros. Mas Andreia Monteiro assegura que os resultados são “definitivos”.

E como funciona? “Cortamos os septos da celulite. Aquele efeito de casca de laranja, que puxa a pele para dentro, vem cá para fora. Fica tudo lisinho”, explica.

Ao combinar bioestimulação de colagénio e descolamento subcutâneo, trata-se de um método diferente das técnicas tradicionais, como a drenagem linfática, porque age de dentro para fora.

É feito com anestesia local: “A pessoa pode voltar à sua vida normal logo a seguir.” Tem é de evitar exercício físico durante uma semana.

Sangue: a fonte da própria juventude

Há quem procure a fonte da eterna juventude. Mas parece que essa fonte, pelo menos para uma juventude mais duradoura, está mesmo dentro de nós: no nosso sangue. Uma das tendências da Medicina Estética é o seu caráter regenerativo, com vários tratamentos a recorrerem ao plasma rico em plaquetas – como já referimos acima, por exemplo, no tratamento da queda de cabelo.

“Sabemos que ao centrifugarmos o sangue, há uma parte que é o plasma rico em plaquetas, que tem propriedades enormes de regenerar os tecidos. Estamos a usá-los para cicatrização, mas também no rejuvenescimento”, explica Isabel Hermenegildo.

Até para dar uma nova vida àquelas zonas que não costumam estar à vista de todos, como a vagina. Ou, no caso dos homens, para ajudar a contrariar a ejaculação precoce ou a disfunção erétil.

Uma genitália como nova

Sim, também lá em baixo se fazem tratamentos estéticos para contrariar os efeitos da passagem do tempo. E a procura, garante Isabel Hermenegildo, é cada vez maior. Ainda envolta em grande sigilo, mas maior.

“Uma vulva nova não. Mas retomarmos à antiga, fazermos uma restauração da antiga, isso, hoje em dia, é fácil”, diz. É possível, por exemplo, recorrer ao preenchimento dos grandes lábios com gordura e ácido hialurónico. Mas também no interior, na vagina, para permitir que a mulher fique mais lubrificada.

Mas desengane-se quem pensa que este é um mundo só de mulheres. Os homens também batem à porta destes consultórios, por uma questão de dimensão ou de coloração. Os ‘peelings’ [para renovar a pele] nos órgãos genitais e na região perianal são muito procurados”. Talvez já tenha ouvido falar de branqueamentos anais e genitais. É por aí. “É mesmo muito, muito procurado”, diz a especialista.

Para muitos, o tamanho importa. Mas mexer no comprimento do pénis é “mais difícil” do que alterar a sua circunferência. Neste último caso, explica Isabel Hermenegildo, é “mais facilmente aumentável com gordura ou ácido hialurónico”.

Aproveitar o inverno para renovar a pele

Se se interessa por estes temas, provavelmente já se perguntou se há alguma altura do ano que seja melhor fazer um procedimento estético. E há uma resposta: o inverno, porque, além do frio, há menos exposição solar, o que ajuda na recuperação.

É neste período que Andreia Monteiro aconselha fazer um dos seus tratamentos preferidos: um peeling antioxidante, onde o rosto é trabalhado à mão. “O objetivo é retirar a camada superficial da pele que está oxidada. Ao retirar a camada superficial da pele, ficamos com uma pele mais lisinha e mais bonita”, explica.

Um tratamento destes dura cerca de meia hora, custando 250 euros. São aplicadas diferentes camadas de ácido, que vão ajudar a pele a escamar. Recorre também a uma máquina de microagulhamento, ou seja, de agulhas muito pequenas, para que o produto atue de uma forma mais profunda, favorecendo a renovação da pele.

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